segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A Reeleitura em vermelho e preto de 2012

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!


O ano de 2011 até que não acabara mal. É verdade que tínhamos adiado o sonho do hepta, mas havíamos conquistado uma vaga na Libertadores, tendo ficado todo brasileiro no pelotão da frente. Começamos o ano falando em priorizar a libertadores, mas infelizmente o retorno das férias não foi exatamente cercado de esperanças. Vamos relembrar as palavras do Arthur Muhlemberg no Urublog no artigo As Melhores Coisas do Mundo São Grátis:
“O ano de 2012 começou com tudo no Flamengo. Com a fofoca, a especulação e a inconclusão crônica que já vão se tornando tradicionais na Gávea. Só faltaram mesmo a pompa e a circunstância que o ano do centenário do nosso futebol mereciam. A barca levou o ídolo Angelim e alguns desafetos da torcida, mas de reforço, até agora, só veio o ignoto lateral Magal. A grande incógnita é a permanência de Thiago Neves. (...)

Não é que eu não tenha uma opinião. Mas prefiro pedir a ajuda de vocês e continuar me concentrando na única coisa que importa no mês de janeiro: a partida contra o Potosí pela Pré Liberta. Como já ficou provado que o Carioca não vale porra nenhuma, e como não temos rivais dentro dos limites municipais, essa é a única coisa que importa. O resto, inclusive a minha cornetada básica, pode esperar.”


Mas, o tempo passou, o elenco continuou indefinido, Thiago Neves não ficou e a esperança foi sendo trocada pelo nervosismo, como nos mostra André Carrera, o “China”, companheiro de Magia Rubro-Negra, na crônica Libertadores: qualquer dia 'tamu' aí (?):
“Em tempos de saturação da tecla F5 dos computadores da Nação, em busca de alguma novidade sobre o Mais Querido, percebemos que já estamos a míseros 12 dias da estreia na Pré-Libertadores, e sequer sabemos quem será o nosso camisa 10 nesta temporada. Para piorar as coisas, é cada vez mais forte a chance de Welinton, Willians e Renato continuarem como titulares do time, além das figurinhas conhecidas no banco de reserva, como Rodrigo Alvim, Negueba, Jael e Paulo Sérgio, fora os ´reforços´ Itamar e Magal, que chegam para ´compor´ o ´elenco´."
Ainda lá no início da temporada, Nayra Halm, já profetizava no Projeto RubroNegrismo 2012 sobre como seria este nosso ano:
“Muito se especula nessa mais longa e interminável pré-temporada sobre o projeto do Flamengo para esse ano de 2012. Nessas últimas semanas vimos portais de notícias dizendo tudo o que queriam dizer e mais do que deveriam dizer: quem vem, quem vai, quem fica e torcedores com expectativas frustadas, se desesperando com essas novelas e como o povo é noveleiro, e curte uns dramalhões mexicanos, pois vendem enredo de tudo que é tipo, se há foco na libertadores, novo patrocínio, falta de dinheiro e pagamentos, rixas internas, briga de vaidades e a guerra eleitoral já começou, só não ver quem não quer.

O futebol já deixou de ser amor à camisa há muito tempo, e profissionalismo é algo que não existe mais por parte dos jogadores que visam o que há de melhor para o bem estar deles como o melhor salário, privilégios dentro no clube, jogar ao lado de amigos, trabalhar com um técnico que tem afinidade, morar perto da praia, boates, favelas e mil outras razões. E por parte dos clubes também não há tal profissionalismo quando não há contratos rígidos e sendo cumpridos, punições, estrutura adequada, equipe qualificada para gerir e administrar o futebol, bom ambiente de trabalho e salários em dia, por exemplo.”

Em meio a tantas fofocas, disse-me-disse, intrigas, brigas entre técnicos e jogadores, o Flamengo entrava em campo para valer pela Taça Guanabara, enfrentando o Bonsucesso. Mas, ninguém prestava atenção. O “fora de campo” rendia mais. No entanto, a bagunça na pré-temporada já dizia muito do que seria o ano. Enfim, após golearmos, com um time jovem, o fraco Bonsucesso, iríamos ao que realmente interessava, nossa estreia na pré-libertadores, no alto da montanha, contra o Potosi. Vamos relembrar através das palavras do "gringo" Somengon Ivascosevic sem sair das páginas do Magia Rubro-Negra:
"Somengon gostou muito da estréia do jovem e lépido time do Flamengo na Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Carioca. No anoitecer deste último sábado, no Estádio do Engenhão, a Prata da Casa do Flamengo realizou uma ótima apresentação e goleou por quatro tentos a zero o time rubro-anil do Bonsucesso. O avante Jael, o Cruel, foi eficiente e balançou duas vezes a rede na etapa inicial. No segundo tempo, o meia Camacho, a melhor peça do Mengo no embate, e o bom de bola Adryan deixaram suas marcas e deram números finais à peleja. 

Na noite dessa quarta-feira, o Mais Querido do Brasil jogará seu primeiro embate pela fase da Pré-libertadores. Comandados pelo fritado, assado e já omeletado mestre Luxa, o Mengo atuará no Estádio Mario Mercado Vaca Guzmán que fica situado a 3.975 metros acima do nível do mar. Subir a Cordilheira dos Andes e atuar diante da equipe do Real Potosí a quase quatro mil metros de altura não é uma tarefa muito fácil! Somenga e toda Família Sevic desejam toda boa sorte possível para o escrete rubro-negro da Gávea que já jogou por lá e sabe como é difícil atuar num local onde o ar é tão rarefeito. A bola às vezes ganha asas, não pára de quicar e corre sem parar. Somente os antigos Incas, os majestosos condores e criaturas como as lhamas, vicunhas e alpacas se dão bem num clima tão inóspito! "
Passamos pelo Real Potosi, perdendo um jogo e ganhando o outro. Pouco antes do segundo jogo, vazaram  notícias de que o elenco comandado pelo Ronaldinho Gaúcho havia ganho a queda de braço contra o Luxemburgo. O Flamengo entrou em campo para um jogo decisivo dirigido por um ex-técnico. Coisas da administração (sic) Patricia Amorim. Vamos relembrar o acontecido nas palavras sempre sensatas de André Monnerat, no Sobre:Flamengo:
"É incrível como, fora de campo, tudo no Flamengo-2012 tem que acontecer da forma mais bizarra possível. O dia do jogo do ano teve a notícia de que Deivid decidiu entrar na Justiça para cobrar o que o clube lhe deve: inacreditáveis 19 meses de direitos de imagem não pagos. É ridículo discutir se o momento que escolheu para isso foi oportuno ou não; depois de 19 meses, ele tem o direito de escolher o momento que vier à sua cabeça, sem contestação. Mas esta notícia, que fez até aparecerem boatos de que ele poderia não ser escalado à noite, não foi a mais bombástica.
Poucas horas antes da partida, o GloboEsporte.com divulgou que os jogadores já haviam sido informados da queda de Luxemburgo e sua substituição por Joel Santana. Seria, vejam vocês, uma tática motivacional para empurrar atletas que não suportam mais o atual treinador. A presidente apareceu em uma rádio negando. O técnico se recusou a falar do assunto antes do jogo, deixando-o para a coletiva que aconteceria após a decisão.
E foi neste clima que o time entrou em campo para o jogo do ano. Incrível."



Como bons rubro-negros, temos que nos apegar a qualquer coisa para acreditarmos. A fé é parte de nossa essência (junto com a criatividade como mostram as figuras desse post). Joel Santana era o novo técnico do Flamengo. Mas, esta gestão realmente mexeu muito com nosso orgulho de ser rubro-negros e a cornetagem passou a ser mais forte do que nunca como Walter Monteiro nos lembra da Raiva de Ser Rubro-Negro ao assistir nosso jogo de estreia na fase de grupos da Libertadores lá na Argentina contra o Lanus:
"O time do Flamengo entrou em campo para fazer um aquecimento. Vários aplausos vindos da torcida do Lanus nas cadeiras bem ao nosso lado para o Ronaldinho. Que foi até lá perto deles agradecer. Ou melhor, o astro dentuço teve mais aplausos ali do que no nosso setor. Bem atrás de mim, um grupo de jovens senhores cariocas, na faixa dos seus 30 e poucos anos, mas fantasiados de adolescentes exibindo suas cuecas de grife por debaixo das calças de cintura baixa, começaram ali mesmo uma perseguição implacável. O campo é pequeno, o estádio ainda estava silencioso, se a pessoa grita com força, o jogador é capaz de ouvir. E os caras sabiam disso. Cada vez que R10 posicionava a bola, os neo-coroas se esgoelavam: "acerta uma, seu merda, seu FDP, seu sanguessuga do cara...". Bom, isso era só o aquecimento. Do Ronaldinho e deles mesmo.(...)
Eu, que passei 2011 inteirinho ouvindo a Nação falar cobras e lagartos do Luxemburgo, estava certo que a sua saída traria, ao menos, a paz e a união entre todos os torcedores. Errei. Bastou 1 jogo e uma única opção tática (Airton no lugar de Botinelli) para acender a fogueira novamente. Ah, como era bom quando a gente mostrava ao mundo inteiro a alegria de ser rubro-negro."


Se  nas arquibancadas, o grito se transformava em vaias, dentro de campo o panorama não era nada animador. Em coisas que só acontecem uma vez a cada geração, perdemos um jogo decisivo para os vices. Fomos por eles derrotados na Taça GB com direito ao gol inacreditavelmente perdido pelo Deivid, que massacrado pela crítica, assumiu toda culpa pela derrota num ato que para alguns o transformou instantaneamente de vilão a herói. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra como demonstrou a Karoll Chaves no Santificado Deivid:
"O ato do nosso nobre camisa 9 de assumir a "culpa" pela derrota de quarta-feira foi digno de pessoas corajosas. Até deu uma pontinha de "orgulho" em ver que nosso "perna de pau" admite seus erros. Só que entrar o domingo sem ver o Mengão decidindo um campeonato faz com que o pequeno "orgulho" acabe. Tenho notado que a imprensa está no processo de "canonização" de nosso camisa 9. É certo que ele aparenta ser uma pessoa de bom coração e que apanhou muito para chegar aonde chegou. Sua atitude foi corajosa e digna, disso ninguém pode falar nada. Porém, é muito pouco para ser santificado pela Nação. Logicamente o mesmo não fez de sacanagem, ele não teria o poder de calar de propósito Luis Roberto, José Carlos Araujo, Luis Penido e mais 40 milhões de torcedores. Só que mesmo não sendo proposital, vai ser duro perdoar. O jogador que já não gozava de grande prestigio, agora vai ter que matar dois leões e um urso por dia!"

O luto do campo se estendeu para fora dele. As redes sociais rubro-negras não seriam mais a mesma. Perdemos a queridíssima @Leninha_Lena, em cujo velório foi lida a carta escrita por Fábio Justino publicada no Magia Divulga:
"Ali eu conheci um anjo carinhosamente apelidado de Leninha, contagiados pela sua facilidade em relembrar fatos inusitados e seu invejável bom humor, perdemos a noção do tempo e da distancia. Encontra-la era sempre uma festa, seus abraços fortes e seus xingamentos carinhosos, soavam como EU TE AMO disfarçado e muito bem compreendido por quem os recebia. Assim como outros grandes e inesquecíveis, ela foi embora, sem acenar com as mãos, sem dizer até mais, porém, é impossível lembrar dela sem estampar na mente os cabelos brancos, o sorriso amparado pelo óculos e o orgulho em ostentar seus diversos MANTOS SAGRADOS. Além da saudade, deixou lições que devem ser aprendidas e praticadas. Humildade, lealdade e o esforço para manter próximo aqueles que ela sempre fez questão de dizer que amava."

Dentro de campo a coisa continuava feia. Em abril, demos adeus ao sonho da Libertadores, sem, ao menos, passarmos da primeira fase. Precisávamos vencer o Lanús e torcer por um empate entre Emelec e Olímpia. Fizemos nossa parte no Engenhão, jogando bem e ganhando por 3 x 0. Mas, no outro jogo, a classificação escapou aos 47 minutos do segundo tempo com um gol do Emelec, virando o jogo, após ter empatado (e nos presenteado com a classificação naquele momento) já nos descontos. Vamos relembrar esses emocionantes instantes finais nas palavras de LeoMagaMon nas páginas do Magia Rubro-Negra:
Com o jogo ganho, passamos a acompanhar mais atentamente o jogo do Olimpia x Emelec. E o Olimpia nos colocou no páreo novamente no meio da etapa final. Mas o jogo de lá foi daqueles de obrigar o @RealMorte a fazer hora extra. No finzinho, aos 42 minutos o Emelec fez o 2º e nos tirava a classificação pela 2ª  vez na noite.

O jogo no Engenhão já tinha acabado quando aos 46 o Olímpia nos devolvia a competição. Olimpia 2 x 2 Emelec.
Festa no gramado e na arquibancada. Mas... O Emelec, merecidamente classificado para próxima fase, nos tirou do páreo pela 3a e última vez. Aos 47 minutos após cobrança de escanteio os equatorianos fizeram o 3o de cabeça e descobri que no Rio a comunidade de Quito é vizinha.
Conclusão, aprendi (de novo) que o impossível no futebol é bem diferente do improvável. E o Flamengo deveria aprender (de novo) que desperdiçar pontos na Libertadores é fatal. Abrir vantagens de até 3 gols e permitir empates, viradas, dentro ou fora de casa, é dar motivos suficientes para que não se possa lamentar nada mais.
Assusto-me ainda ao ouvir que o Flamengo perdeu a classificação naquele famoso jogo dos 3x3 no Engenhão. Não, meus amigos, o Flamego perdeu a classificação nos 4 dos 6 jogos em que a vitória não veio. Em cada um dos pontos jogados no lixo por culpa da falta de organização, de tesão, de disposição. Perdemos a vaga pela total incompetência e falta de comando deste grupo. Dentro e fora de campo.

Com a eliminação da principal competição, restava-nos o Carioca. Ao menos, deveríamos conquistá-lo como prêmio de consolação. Mas, nem isto! O raio voltou a cair no mesmo lugar e uma nova derrota para os vices em nova semi-final, agora na Taça Rio. O sentimento de revolta era generalizado e pode ser muito bem captado pelas sofridas palavras de Renato Croce no FlaManolos ao falar sobre Os 30 dias Sem Flamengo
A torcida sempre fica confiante num clássico decisivo contra eles, mas parece que nos enganamos com este Flamengo. Este Flamengo que foi facilmente dominado pelo Vasco no primeiro tempo, que só não fez mais gols porque tivemos sorte. Sem marcação no meio-campo, tendo uma dupla de volantes meio perdida na defesa, nossa zaga ficou sem proteção contra um time com alto poder ofensivo. Dizer que eles ganharam por causa do juiz e do pênalti inventado é tentar mascarar nossa situação. Ganhou quem mereceu, quem fez por onde. 
Como já disse aqui, temos (ainda) um técnico sem passaporte, que não consegue dar um treino decente, dá nojo em quem vê e não consegue ganhar nada fora do seu estado. Ele foi contratado por uma diretoria de merda, que, agora, terá que pagar uma multa incrível de aproximadamente 4 milhões (mais uma) pra se livrar dele, um ex-técnico em atividade. Puro amadorismo de quem assinou seu contrato. Este Flamengo, que vive de lampejos e da raça de alguns jogadores, tem um técnico regional que sequer teve a competência pra ganhar o Carioquete. Um time que pressiona seu adversário por 20 minutos, mas que não tem culhão pra jogar nos outros 70. Técnico ridículo, diretoria idem. "

No meio disto tudo, o futebol do Flamengo fez cem anos. O mestre Alexandre Fernandes no Magia Rubro-Negra abandona os problemas do presente e se transfere ao passado para nos contar de forma mágica sobre Um Século de Futebol:
"Já se vai um século do jogo contra o Mangueira e aqueles 15 x 2 em 03/05/1912 nos asseguraram o que viria pela frente. Bolas na Lagoa, viradas em São Januário, vitórias retumbantes no Maracanã, superação em Montevidéu, consagração em Tóquio trariam um ar de novo ao que sempre se soube: o Flamengo maior que a soma dos outros, mais forte do que o desejo do arco-íris, mais poderoso que as blasfêmias de adversários inconformados. Somos massacrantes no desespero dos invejosos, torturadores no desvelo dos inconsoláveis, martirizamos a dor dos vencidos. Não nos contentamos com a maioria absoluta, nem em vencer com maior frequência. A perene supremacia perpetua o Manto Sagrado pela imposição da avassaladora grandeza de nossa história. Mais do que uma deserção episódica, na alternância simplista de forças, a expressão do poderio rubro-negro se faz pela inspiração dos deuses do futebol, pela transcendência de valores, por influência inexplicável. Reinamos no Rio, ganhamos a América e o Mundo, dominamos o Brasil várias vezes. Em vitórias retumbantes revestidas de glamour, valentia e garra, em placares alterados por imposição, quando o acaso assume proporções impensáveis."


Pouco tempo depois, Ronaldinho Gaúcho deixava o clube, escancarando os erros da diretoria. Foi Uma Tragédia Anunciada como Affonso Romero e Walter Monteiro escreveram:

"O divórcio do Flamengo e Ronaldinho Gaúcho foi melancólico e litigioso, mas ninguém deve se surpreender com o desfecho.No verão de 2011, debaixo de um sol escaldante, Ronaldinho subiu a um palco improvisado no campo da Gávea.Com a Nação Rubro-Negra em festa, ninguém se lembrou de colocar no papel aquilo que havia sido combinado na longa negociação. Não demorou muito para surgirem divergências entre os três vértices desse triângulo amoroso - o clube, o atleta, a empresa de marketing. Sem nada escrito, fica mesmo difícil se lembrar de todos os detalhes combinados. O desencontro foi a senha para que a empresa de marketing abandonasse o projeto e deixasse a conta inteira para o Flamengo.Como se sabe, nada é tão ruim que não possa piorar. O Flamengo, mesmo sem refletir sobre o tremendo impacto financeiro que o salário do jogador representaria no seu caixa, assumiu o compromisso de pagar, sozinho, a maior remuneração de todo o seu centenário futebol. Claro que deu errado.Em casa que falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão. Como previsível, faltou dinheiro para honrar um pagamento tão elevado. O jogador, que tinha um comportamento rebelde, se sentiu ainda mais livre para fazer o que bem entendesse, sem qualquer preocupação com o seu desempenho esportivo. A torcida, que antes o recebera eufórica, canalizou sua ira pelos insucessos no terreno desportivo para o astro insolente, que parece rir de tudo.E assim, na Justiça, o sonho acabou."


Dali em diante, não havia mais tréguas. A torcida cansara definitivamente da Patricia Amorim e sua trupe, que ainda conseguiram manter o Joel e nos fizeram jogar a chance de uma nova pré-temporada fora, como   resumiu logo na partida de estreia, o patrão Eduardo Vichi, ao dar suas tradicionais notas no pós jogo contra o campeão da segunda divisão de 87:
"Depois de 26 dias sem jogar e treinando muitas jogadas ensaiadas, o Mengão apresenta os mesmo problemas de sempre! IMPRESSIONANTE!"
Não era preciso dizer mais nada, correto? O Brasileiro começava e a campanha não empolgava ninguém, fazendo com que os corneteiros do apocalipse aparecessem para pregar o pior. Assim, a cada vergonha nos gamados, mais xingamentos contra a Diretoria e a criatividade da torcida teve seu auge durante os jogos olímpicos, quando Patricia viajou para a Inglaterra e foi lançada a Campanha "Fica, Patrícia..." Só que era para ficar em Londres e não voltar ao Flamengo.



Em julho, a torcida sentiu alívio pela saída de Joel Santana. Dani Souto, no Primeiro Penta, nos dizia o que ela Esperava de Dorival Júnior o novo técnico:

"Quando o Joel Santana chegou ao Flamengo para o lugar do Luxemburgo, muito rubro negro já pensava no próximo técnico. Com a fama de motivador e arrumador de time, Joel Santana deixou o Flamengo como técnico ultrapassado e trapalhão. Embora tenhamos que agradecer aquela linda arrancada em 2007 que ele conseguiu ajeitar o time do Flamengo, as substituições em muitos jogos,  a insistência da escalação com volantes demais e em péssima fase, fizeram a cabeça dele rolar mais tarde do que muita gente queria.
O que eu espero do Dorival é coerência. Nada demais em se tratando de um técnico, mas nunca é demais pedir. Quero coerência para se escalar jogador em sua posição, coerência para botar em campo que está em melhor fase técnica e física e coerência na armação do time com os jogadores que temos, sem desrespeitar a tradição ofensiva do Flamengo: embora seja bom demais ser campeão, a tradição do Flamengo não é ser campeão na retranca. Flamengo é campeão jogando pra frente."
No mês seguinte, a "queimada" Patricia tentava jogar para a galera trazendo Adriano. O Imperador assinava mais uma vez como o Flamengo e André Amaral relatou assim no Ninho da Nação:

"Adriano voltou. Grande parte da torcida está em festa, eu prefiro não criar grandes expectativas. E nem é para não se decepcionar, mas sim porque os fatos indicam que não se devem esperar grandes coisas do Imperador.
Ele está há mais de dois anos sem saber o que é uma rotina de jogador profissional. Poderia ser pior: seu contrato vai até dezembro, seu salário será pago por produtividade, e como deve estrear daqui um mês, terá pela frente uns dois meses para jogar alguma coisa parecida com futebol."


Mas, enquanto o time de Dorival oscilava no campeonato, Adriano não estreava e jamais entraria em campo no Brasileirão, a campanha eleitoral, lançada por meio da primeira pré-candidatura, que foi a de Ronaldo Gomlevsky, já fervia nesta altura. Ali começava um movimento, ainda devagar, de blogs e pessoas influentes nas redes sociais chamando a atenção para que as mudanças começam pela política. Pré-candidatos começavam a aparecer. Um atrás do outro.


Com orgulho participei da cobertura Eleições 2012 pelo Magia Rubro-Negra e, de forma independente e isenta, procuramos mostrar todos os lados da batalha eleitoral, visando incentivar o torcedor comum a se envolver com a política rubro-negra, bem como fornecer informações importantes ao sócio e eleitor. O mesmo trabalho fez o Blog Ser Flamengo na série Eleição para Presidente. Entrevistas políticas também foram foco e diversos livecasts do onipresente André Tozzini, em sua famosíssima TozzaCam, ou da galera do FMAF (sigla cujo significado é impublicável).

Mas, a maioria dos blogueiros assumiu um lado nestas eleições, azulando-se. Comentários políticos cresceram exponencialmente pela blogsfera rubro-negra. Destaca-se as Pedrada Rubro-Negras do Henrin que foi implacável no combate aos males da administração (sic) Patricia Amorim.
"O Flamengo se encontra nesta encruzilhada. Por um lado uma Diretoria muito fraca, com sérios problemas em demonstrações contábeis e fiscais desde o início de sua gestão, em que deixou de pagar inclusive dívidas com ex-jogadores e inexplicavelmente pegou para si dívidas de terceiros como foi no caso da Traffic com Ronaldinho Gaúcho. E nem adianta falar do desastre do futebol. Patricia Amorim recebeu um time hexa-campeão e o transformou na quarta força do Rio de Janeiro à beira do rebaixamento. Em menos de 3 anos. Patricia Amorim é o mundo de ontem. Uma administração calcada no pseudo-amadorismo oportunista. Esta era já passou. Entramos na necessidade de uma nova forma de lidar e enxergar o Flamengo. "

Nos gramados, mesmo com todos os "esforços" da diretoria, o Flamengo escapava do rebaixamento. Vamos acompanhar a letra de Jefferson Freire no Saudações Rubro-Negras em seu antológico texto Patricia e o Rebaixamento Moral:
"Não há como negar o alívio do Rubro-Negro com o resultado.Alívio esse que em momento algum se confunde com orgulho. Sentimos orgulho de muitas coisas: de ser Flamengo, de termos a maior e melhor torcida, de termos uma sala de troféus cheia e de nunca termos visitado divisões inferiores. Mas não temos qualquer orgulho da campanha do Flamengo em 2012.
Diferentemente, a presidente do Flamengo anda falando aos quatro cantos o imenso orgulho que sente de não ter sido rebaixada esse ano. Fala com tanta felicidade e como se fosse um mérito que quase acreditei que ao Flamengo resta tão somente brigar para não cair. Se antes a briga era por títulos e o orgulho era ser campeão, nossa atual presidente tem rebaixado o clube, não de divisão, mas moralmente. O seu discurso de dever cumprido, é o oposto do que nós rubro-negros estamos acostumados a viver. Comemorar com tamanho orgulho a permanência na série A é assinar um atestado de desconhecimento da nossa história e das nossas reais pretensões no futebol."


Ainda coube ao Flamengo, o papel de rebaixar o Palmeiras neste campeonato. Está certo que, sem motivação, fizemos tudo para que não acontecesse ou como nos lembra Renata Graciano no Donas da Bola: Foi Sem Querer

"Desculpe Palmeiras, não foi nossa intenção. E digo isso com pureza na alma de quem assistiu ontem a tarde no Raulino, a um jogo de extremos. Sim, por que parecia que o Flamengo tinha ganhado o título! Enquanto o Palmeiras lutava com todas as forças pra tentar se segurar na série A, o Flamengo seguia totalmente desinteressado em campo. Nada me surpreendeu ontem; minto, talvez o empate com gol do Love, que é raro, mas a desmotivação, a falta de qualidade? Sempre estiveram lá e quem não viu isso, sugiro assistir ao campeonato de badminton.
Vimos um dos grandes do Brasil tombar pela segunda vez devido a sua péssima administração. Não tá fácil pra quem veste o Manto, imagina pra quem não veste…"

Todos os olhos rubro-negros, enfim, voltaram-se definitivamente para a política. A esperança saia dos campos para os cartolas e Eduardo Bandeira de Mello, para alegria da Nação, vencia a eleição presidencial e quem nos relembra é o Julio Benck no artigo Smurfs botam Gargamel para correr, escrito para o Tua Glória é Lutar, escrito no dia seguinte à vitória:

"A Cruzada Rubro Negra contra a incompetência teve ontem um capítulo decisivo. A partir de 3 de dezembro de 2012, as coisas na Gávea nunca mais serão as mesmas. Quem esteve na Gávea ontem constatou. Os Azuis eram minoria. Não tinha modelos deslumbrantes pagas para panfletar, nem gente remunerada para balançar bandeirola o dia inteiro. Não que isso seja errado, apenas é um modo cômodo demais e sem substância de se fazer divulgação.
Já a galera de azul teve inteligência, e teve amor ao Flamengo. Uma equipe de aguerridos voluntários, que deram 1000% para vencer. Um time que se multiplicou, e compensou a desvantagem numérica com muita raça. Cada envolvido no processo eleitoral tinha seus motivos para participar. Certamente os mais nobres e louváveis eram os nossos.
De todo modo, foi uma disputa linda, histórica e sem precedentes. Não houve nenhum tipo de agressão. A Chapa azul venceu na categoria, similar à que Zico colocava em campo a serviço do Mengo."

Vitória eleitoral louvada nas redes sociais e nos blogs em vermelho e preto. Eu mesmo destaquei Sete Personagens da Vitória Azul, onde vale relembrar a força da nossa torcida, quebrando mais um paradigma:
“Existia um dogma de que a eleição era decidida pelos sócios, sem qualquer influência da torcida do Flamengo. A vitória da Patrícia na última eleição e o discurso oficial espalhado pelas mídias tradicionais contribuíram para muita gente acreditar que um parquinho seria mais importante eleitoralmente do que o futebol. Só se esqueciam de que a imensa maioria dos sócios é formada por torcedores e quem é Flamengo não se volta jamais contra a força da massa. Pelo contrário, caminha junto! A fé e os gritos vindos da arquibancada já transformaram times aparentemente medianos, vestidos com o Manto Sagrado, em poderosos esquadrões, intimidando e acovardando adversários. A torcida do Flamengo quando se une e "fecha" com uma equipe, transforma homens comuns em verdadeiros heróis. E a torcida pediu "Fora Patrícia!". Esta eleição quebrou definitivamente o mito da separação entre sócios e não sócios! Somos todos Flamengo! Em campo ou no clube, mesmo sem jogar ou votar, a maior torcida do mundo provou mais uma vez que faz a diferença.”

Uma das principais personagens do lado de fora desta eleição, Vivi Mariano, narrou assim a Vitória da Família Rubro-negra, mostrando que A Dama Nunca Erra, onde apresentou a foto acima da família Bandeira de Mello:

"Aprendi uma lição básica, nas minhas aulas de dança, de que no salão a dama NUNCA erra. Ela é mal conduzida. Saindo dos bailes da vida, para os da história da política rubro-negra, concluo o mesmo da gestão - ainda não terminada (acaba logo 2012!) da atual presidenta Patrícia Amorim. Ela "não" errou, foi mal conduzida pelo marido, pelas facções das torcidas-organizadas, pelos dirigentes incompetentes, pelo desejo incontrolável de poder político dentro e fora do Clube de Regatas do Flamengo. Foi mal conduzida por aqueles que quiseram, a todo custo, tirar proveito próprio do Amor, da Raça e da Paixão. Nas aulas de dança sou, por vezes, acusada de ser uma dama rebelde, por querer conduzir o cavalheiro. Patrícia Amorim poderia ter sido uma dama rebelde também. Mas, não foi. Deixou-se (mal) conduzir. Por pura incompetência.
Numa das minhas idas à Gávea durante os dias que antecederam a eleição, conheci parte dos "Bandeiras de Mello". E meu coração rubro-negro disparou: ELES SÃO SANGUE AZUL, ou melhor, esqueçamos o azul agora, eles são puro sangue rubro-negro.
O natal ainda não chegou, porém, um novo tempo se anuncia. Assim como Menino Jesus que REnasce no coração de todos nós, o "outro messias", e vocês sabem bem de quem estou falando, também está renascendo dentro da Gávea. Aleluia! E neste novo tempo, apesar dos castigos, estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos. O parquinho da Gávea está colorido, limpo, pintadinho, imponente. Que fique lá intacto, tombado pelo patrimônio histórico rubro-negro, para que olhando para ele Eduardo Bandeira de Mello e sua equipe, possam almejar sonhos MUITO maiores do que aquilo. E que saibam, que a partir de agora, eu, e tantos outros rubro-negros seremos IMPLACÁVEIS no acompanhamento do projeto apresentado e proposto durante a campanha da chapa vencedora. Pois, neste novo tempo, apesar dos castigos que sofremos nos últimos três anos, agora estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas."

No entanto, toda grande expectativa traz consigo o risco de um excesso de cobrança, como nos lembra o Bruno Cazonatti  no FlamengoNet em seu Expectativa em Demasia é o Atalho para a Frustração

"♫ ♪ Como será amanhã? Responda quem puder… ♫ ♪ Pois é, e se o hoje é o amanhã de ontem, vale ressaltar que uma página em branco é o suficiente para que o Flamengo escreva novas histórias de glórias e deixe pra trás, no capítulo passado, as mazelas de mais um ano medíocre desta “gestão” pífia. No próximo dia 31, acaba o tempo daqueles que achavam que administrar o clube era como brincar de Banco Imobiliário. Agora teremos profissionais de verdade, gente gabaritada e que sabe que terá muito trabalho pela frente.
além de ter que reerguer o clube e consertar as cag#das e rombo$ das administrações passadas, a nova gestão Bandeira de Mello terá que administrar o imediatismo de uma Nação repleta de expectativas. E todos nós sabemos que a maioria da torcida não sabe o significado de “médio/longo prazo”. Se já num Carioquinha o time não tiver contratado jogadores “diferenciados” ou deixar de abocanhar o caneco regional, haverá paciência? Se não, a quem se deve apupar?"
Enfim, neste clima de euforia, de esperança renovada, 2012 vai chegando ao seu final, assim como esta longa retrospectiva, nos traços geniais do André Costa com seu Mulambo & Malandro:


Pois é depois da tempestade, aguardamos ansiosos pelos tempos de bonança, mas é preciso paciência, pois antes de navegar em mares calmos, será preciso trabalhar firme para ajustar as velas rasgadas pelo período revolto, que espero ter ficado para trás.


Feliz 2013 a todos. Que o próximo ano volte a ser escrito em vermelho e preto.

 FLAmém!