Ainda não recitarei o Salve, Desculpem-me! Aliás, nem sei se devo escrever no estado emocional em que me encontro. Ontem, a saída do Zico, da forma como ocorreu, deixou-me sem chão! Uma instituição só é grande porque pessoas a fizeram assim. E Zico foi o maior de todos. Escrever uma carta-despedida de madrugada dizendo, entre outras coisas, que "morreu no meu coração esse Flamengo de hoje que está representado por essas pessoas (...que ) atuam dentro do clube como se fossem os donos". É para mim, bastante significativo. Não sinaliza covardia, como alguns, por ingenuidade ou interesse, andam repetindo por aí. Mas, representam como uma instituição que amamos pode virar as costas para seu maior ídolo. Se eles (quem???) são capazes de fazer isto com Ele, imagine como nós, meros torcedores, somos tratados.
Como o objetivo deste blog é o de entretenimento, talvez o melhor seja realmente não escrever enquanto a ferida não se cicatrizar. Vou pensar sobre isto e, se possível, gostaria de ouvir a opinião de vocês.
Pois bem, certa vez, o Tiago Cordeiro disse no FlamengoNet que "Adriano é quase uma metáfora do que é o Flamengo hoje. Tão incrível quanto seu potencial, é a frustração pelo seu desperdício”. Pois, neste blog, na ocasião, aproveitei a analogia para comparar o nosso clube-religião ao nosso país:
"O Flamengo é quase uma metáfora do que é o Brasil. Tão incrível quanto seu potencial, é a frustração pelo seu desperdício”.
O que acabamos de presenciar no Flamengo é exatamente o mesmo que vemos diariamente no Brasil. Uma oligarquia quase feudal sentindo-se "dona do pedaço". Enquanto isto, nós, povo ou torcedores, nos deixando humilhar e observando, sem ao menos gritar, ser em nosso nome praticados os mais infames interesses.
O Flamengo mostrou que tem dono. Não somos nós torcedores, mas os membros do conselho, cujos cargos, tais quais os exercidos pela elite política brasileira, embora sejam eletivos, se parecem mais com títulos de capitanias, uma vez que, na prática, acabam sendo vitalícios e hereditários. É certo que vez ou outra, na Gávea ou em Brasília, surgem nomes novos. Alguns até vindos da "plebe", como parecem que nós (torcedores e povo) somos considerados. Mas, que só assumem algum tipo de poder quando entram no esquema ou por ele são tolhidos. Atenção: não estou dizendo que ninguém presta. Na política e no Flamengo há muita gente séria. Mas, acabam sendo vozes gritando no vazio. Por falta de participação popular não encontram eco. Não fomos capazes de segurar o Zico e muitos ainda embarcaram no papo-furado e ajudaram a expandir o "fogo amigo".
Neste momento, estamos diante de uma bifurcação. Podemos deixar as coisas correrem como sempre correram. Nós torcendo e se divertindo e eles no comando. Não é de todo ruim. Temos grande poder de superação. Continuaremos indo para frente de forma desorganizada, atabalhoada. Sabe-se lá como, continuaremos sempre indo na direção certa. É a nossa sina. Entretanto, até para exercer nosso papel de torcida, continuaremos sendo mal tratados, com dificuldade até para comprar os caros ingressos. Enquanto choramos por perder esperanças, outros estarão brindando benéficos negócios (para quem??) praticados em nome do Flamengo.
O outro caminho é difícil. Não existe manual de como chegar lá. Exige participação popular. Necessita de uma espécie de revolução. A torcida teria que deixar de ser apenas torcida e passar a ser dona do clube. Era o caminho pretendido pelo Zico. O caminho onde o Flamengo poderia, finalmente, ser um clube decente, forte, organizado, estruturado, planejado. Enfim, o Flamengo pode ser tão grande quanto o nosso amor por ele. Depende de nossas atitudes.
FLAmém!
PS: Flamengo x Botafogo? Não dá! Sem clima, no momento. Desculpem-me!
Jeff
ResponderExcluirQuem sabe não haja alguma iniciativa organizada de fora pra dentro do Flamengo, em que nós torcedores possamos colaborar?
É aguardar e torcer
SRN abraço