Salve, Salve, FLAleluia!
Talvez não haja nada mais a acrescentar sobre o Galinho. Desde o bombástico anúncio de sua volta, muito já foi escrito sobre ele. Mesmo assim, até por uma obrigação religiosa, abro, hoje, meu coração e dou meu testemunho do que Zico representa para mim.
Sou um rubro-negro com mais de 40 anos. Portanto, tive a honra de acompanhar a Geração de Ouro. A primeira vez que fui assistir a um jogo do Flamengo, em um estádio, foi em 1978, ano em que, coincidentemente, iniciávamos nosso período mais vitorioso.
Os mais jovens talvez não tenham a exata dimensão, mas naquela época, os jogos eram mais escutados do que assistidos. Narradores de rádio aproveitavam-se da ausência de imagens para ampliar os feitos. Lances espetaculares, muitas vezes, não passavam de fantasias.
Assim, imaginem o brilho nos olhos de um menino de 10 anos ao ser levado pelo pai para concretizar o desejo de ver um jogo ao vivo e nele constatar que a magia era real. Mais do que assistir a uma partida de meu time, eu queria ver o Zico em campo. O melhor é que essa não foi uma experiência única. Ela se repetiu em inúmeras ocasiões, com a vantagem de poder assistir cada vez mais partidas daquele time, graças ao início da massificação do futebol pela TV.
Zico era, para mim, a personalização da instituição. Com ele, o Flamengo tudo poderia conseguir. Aborrecia-me ouvir alguém criticando meu time. Mas, falarem mal de meu ídolo soava como xingarem um ente querido. Estavam me chamando para a briga. Felizmente, foram poucos os que cometeram tamanha heresia.
Presenciei o crescimento descomunal da Magnética. Não havia como uma criança não se encantar com aquele esquadrão. Amiguinhos contrariavam os respectivos pais e viravam rubro-negros de carteirinha. Em viagens de férias com a família, pelo Brasil adentro, sentia-me orgulhoso com a inveja de outros meninos ao saberem que eu era Flamenguista e morava no Rio. Todos se uniam em uma só paixão: Zico!
Presenciei o crescimento descomunal da Magnética. Não havia como uma criança não se encantar com aquele esquadrão. Amiguinhos contrariavam os respectivos pais e viravam rubro-negros de carteirinha. Em viagens de férias com a família, pelo Brasil adentro, sentia-me orgulhoso com a inveja de outros meninos ao saberem que eu era Flamenguista e morava no Rio. Todos se uniam em uma só paixão: Zico!
Claro que o Flamengo já era grande antes dele, mas não há dúvidas que a história rubro-negra se divide em AZ e DZ. Se não fosse sua presença, provavelmente eu seria torcedor do clube, mas dificilmente o transformaria em minha religião. Só um mito tem esse poder. Com um detalhe adicional, por não ter conquistado uma Copa, suas maiores glórias são exclusivamente rubro-negras. O que nos torna ainda mais especiais. Os demais, embora tivessem torcido bastante, não tiveram a honra de compartilhar um grande título com ele. Daí a inveja de alguns.
Em tempos de banalização dos ídolos, graças à superexposição na mídia, onde qualquer um vira celebridade, pode ficar difícil entender o culto a um cidadão por tanto tempo e em tamanha intensidade. Mas, Zico é um exemplo na mais perfeita concepção do termo. Para falarmos dele, nunca foi preciso fazer as ressalvas que proferimos aos craques de hoje. Nunca houve necessidade de explicar porque merecia privilégios. Sempre fez questão de abrir mão deles, dizendo que já estavam presentes no salário diferenciado. Nunca precisou de desculpas para não treinar, pelo contrário, costumava continuar cobrando faltas após o final das atividades. Além do aspecto profissional, por tudo que lemos a seu respeito, Zico é bom marido, pai, filho, etc. Enfim, um grande Homem, com H maiúsculo!
Zico era a alegria dos pais, que podiam mostrar aos filhos como a dedicação e o trabalho com afinco são importantes aliados das habilidades naturais. Dessa forma, num gesto simbólico, meu pai, que sempre me mostrou a importância de exercermos nossas atividades sem abrirmos mão da ética, foi enterrado com meu maior troféu, uma camisa autografada pelo Galinho. Não foi um sacrilégio! O que Zico representa já é parte de mim, assim como meu saudoso pai.
Por tudo isso, vibrei, gritei, pulei ao saber que ele tinha aceitado mais esse desafio pelo nosso Flamengo. Hoje, chorei ao ler as notícias sobre sua contratação e sobre o que significa para cada rubro-negro, para cada jornalista. O glorioso passado ressurgia e virava presente. As lembranças de menino vinham à tona. Poderei, repetir o gesto de meu pai e mostrar aos meus filhos o que significa fazer as coisas corretamente e como isso pode dar resultados. O Zico está de volta! Tenho certeza de que receberão um Flamengo muito melhor do que o atual.
Meu ídolo se faz humano novamente. Não há nada mais divino do que isso.
Meu ídolo se faz humano novamente. Não há nada mais divino do que isso.
Obrigado, Patrícia Amorim.
FLAmém!Obrigado, Arthur Antunes Coimbra.