quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

E SE FOSSE NUMA GIGANTE DE TI...

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
 Salve, Salve, FLAleluia!



Alguns dias atrás, em uma gigante do setor de tecnologia, o diretor financeiro entra na sala da presidente com uma série de relatórios na mão. Desanimado, aponta para alguns gráficos e para os demonstrativos de fluxo de caixa. Depois de algumas explicações, a chefe fala:

- Não adianta ficar me mostrando números. Você sabe que não entendo nada disto. É por isto que tenho você por perto. Traga-me soluções e não problemas. Todos sabem que negociação não é a sua especialidade, ? Então, concentre-se em  resolver o problema. O precisamos fazer?

- Estou te mostrando que, se continuarmos nesta inércia, teremos problemas sérios em breve. Por isto, trouxe nosso cash flow e nosso budget. Os empregados não suportam mais a gerente do Projeto Américas, nosso principal sistema. Nossa área de marketing fica totalmente passiva, esperando que negócios caiam do céu. As matérias sobre a empresa parecem que saíram das páginas de negócios para as colunas sociais. É só fofoca! - respondeu o diretor com seus jargões corporativos e sua conhecida língua venenosa.

- Lá vem você com sua picuinha pessoal com a Geni Luxemburgo. Como posso demiti-la? Já notou que todos a culpam por qualquer problema na empresa? Se ficarmos sem ela, tudo irá respingar na gente. Aí como poderei me manter na presidência?

- Mas, até coisas normais, com a participação dela geram ruídos. Ela é um para-raios e o melhor é nos afastarmos da tempestade. Por exemplo, é fato que todo gerente indica funcionários de confiança para participar de projetos sob sua supervisão. Correto? Mas, quando a indicação é da Geni, já sabemos que virão pedradas. Todos jogam pedra na Geni. Ela é sempre suspeita. Ninguém confia nela. Sempre vão dizer que existe algum motivo oculto, algum apadrinhamento naquela contratação.  O deadline dela aqui na empresa já chegou. Não dá mais! As pauladas na Geni já estão sobrando para nós. Os funcionários já ameaçam fazer greve. Nosso principal projeto está sob risco. Teremos uma venda importante aos bolivianos. Se der qualquer coisa errada, adeus Américas. Será uma humilhação depois de tanta expectativa. Pense nisto! Você sabe que sou teu amigo e que a tua continuidade na empresa é também a minha.

- Os empregados também estão enfrentando problemas salariais. Não é apenas raiva da chefia. Por falar nisto, como está a solução da questão remuneratória? Todos já estão com os salários em dia?

- Os salários estão em dia! O problema é na parte por fora da carteira. Como os valores no mercado estão muito altos, se tivermos que pagar todos os impostos iremos quebrar. Esta é uma solução padrão que qualquer empresa no nosso setor adota, para combater o Custo Brasil. Na hora de assinar, todo mundo quer ser esperto e achar que está dando uma volta no governo. Então, que assumam o risco, ora bolas!

- Mas, e a multa? Como vamos cumprir com esta obrigação. Maldita hora em que aceitei a sugestão de vocês de fazer um contrato longo e com multa alta, já que foi assinado como sendo com uma PJ.

- Mas, presidente, era nossa única alternativa. Se não fosse assim, ela não viria. Naquele momento, precisávamos dela. Foram as suas condições. Fazer o quê? Mas, o pior foi quando ela pediu para sair no final do ano e exigiram que ela cumprisse aviso prévio. Assim, perdemos a chance de ouro de trocar de coach sem custo.

- Você sempre aceitando as condições que te impõem, não? Veja o custo que teremos quando resolveu trazer aquele novo funcionário, o Vágner? Queria entender que negociações são estas que sempre entubamos qualquer pedido. Pois bem, inicie o processo de fritura da Geni. Faça com que ela peça para sair.

Passaram-se alguns dias e as reclamações contra a gerente do Projeto Américas não cessavam. Vinham de todo canto. Ela parecia ser realmente uma pessoa bastante difícil de se lidar. Porém, ninguém suportava tanta pancada quanto ela. Era inacreditável como apanhava e continuava firme. Qualquer outra pessoa já teria saído, mas a Geni era orgulhosa e apegada demais ao cargo para isto.

Estava se aproximando o dia da reunião de venda para os bolivianos. Diante da ameaça de greve, a presidente autorizou que contratassem um novo gerente. Teria que ser alguém com habilidade de relacionamento interpessoal, alguém que fizesse a equipe suar por ele.

No dia da importante reunião, a presidente convocou a diretoria para anunciar que havia contratado o Natal, mas ele só poderia assumir após a reunião com os bolivianos. Aproveitou e pediu que alguém fizesse a informação chegar aos funcionários de forma extraoficial, naturalmente.

Tudo teria dado certo se a notícia não tivesse se espalhado. Todo mundo sabia que um novo gerente havia sido contratado. Que grande confusão! O pior é que para remediar, aquela diretoria trapalhona conseguiu piorar tudo. Quando a presidente quis entender porque motivo a informação teria vazado, o diretor de projetos explicou assim:

- Para variar falou espírito de equipe. Cada um chamou sua Candinha predileta e pediu sigilo que sabíamos que não iria ocorrer. Como muitas Candinhas foram avisadas, não demorou para que até mesmo jornalistas especializados fossem avisados. Ficamos apavorados e entramos em deadlock. Para espalhar a notícia,  todo mundo se ofereceu, mas na hora de alinharmos uma solução ninguém se apresentou.
- Luís, novamente agradeço sua franqueza, mas, diante da situação, para que eu possa tirar a Geni, preciso do seu cargo. Será a minha desculpa. Pode ficar tranquilo que assim que a poeira baixar te arrumo outra boquinha por aqui.

Assim foi feito! A presidente aproveitou a reunião e pediu o contrato do Natal para assinar e de novo lá estava um contrato de longo prazo com uma PJ e contendo multa rescisória. Ao perguntar o motivo, veio a explicação do diretor financeiro:

- É porque foi a exigência dele. Não tivemos alternativa!

É... parece que não tem jeito. Os mesmos erros continuarão a acontecer. Ainda bem que a empresa é gigante para suportar tantos problemas e a atual administração não ficará lá para sempre.

Não se sabe como, mas mesmo diante de tanta incompetência, no final as coisas acabam dando certo. Não duvido nada que a atual crise gere a união que faltava para que a empresa se torne, neste ano, a líder do setor em toda a América do Sul.

 FLAmém!


PS: Esta é uma história de ficção, afinal coisas amadoras assim jamais ocorreriam em qualquer organização, não acham?


PS2: Para quem estranhou um blog rubro-negro nas cores azul e vermelho, basta ver a camisa do Joel em sua reapresentação.

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