quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Meninos, Eu Vi....

Meninos eu vi…

Vi todos os 6 títulos do Flamengo. Não é que eu estivesse presente em todas as decisões, mas uma das pouquíssimas vantagens de ser um rubro-negro de mais de 40 anos é exatamente a de poder ter acompanhado nosso período de ouro. E… meninos, acompanhei todos os nosso títulos nacionais. Vibrei e vibrei muito em cada um deles.

Meninos, eu senti….
Senti uma angústia por ver meu Flamengo, antes soberano, se regionalizar. Por vê-lo, assim como via o meu Rio, sendo, achincalhado e aviltado dia após dia, fracasso após fracasso. E, pasmem!, meninos, quase acabei acreditando que não poderíamos ser campeões brasileiros em torneios por pontos corridos. Que o futebol agora era mais do que nunca “poderio econômico e infra-estrutura”. Concreto e dinheiro substituindo pessoas. E da mesma forma que o retrato do país, o Flamengo estaria condenado a não ter futuro!
Meninos, eu vi…
Vi, após longo jejum de 17 anos, o meu Flamengo voltando a chegar ao último jogo do campeonato em condições de ser campeão. Dependendo só dele. A esperança voltava!

Meninos, eu senti…
Senti o Flamengo forte novamente! Senti o Flamengo incomodando os adversários. O Flamengo causando perplexidade na imprensa do politicamente correto, dos jornalistas mauricinhos e sem conteúdo. O Flamengo, logo quem?, O rei da bagunça, da falta de organização, dos maus dirigentes! Sim, mas o mesmo, Flamengo da força de um exército de fiéis apaixonados que cisma em demonstrar que a razão nem sempre supera a emoção. O Flamengo que com um técnico humilde (como já ocorrera em outros títulos), que não é grosso, que não precisa tratar mal a imprensa, nem bajulá-la e, ainda por cima, negro, chegava novamente ao topo. E senti o Flamengo forte ao ler e ver que estes mesmos comentaristas da obviedade não entendiam como o Pet, para muitos, um ex-jogador em atividade, poderia voltar a ser capaz de levar um time ao topo. Senti como a obviedade burra desta parte da imprensa não compreende mesmo a força de nosso Manto Sagrado. Senti um desespero ao questionarem como o Adriano poderia trocar a poderosa, mas triste Milão pela bagunçada, porém alegre capital carioca. Ora, esqueciam de que não era apenas para o Rio que o Imperador voltava, mas para todo seu berço: família e clube de infância. Eles realmente não entendem o Flamengo!
Meninos, eu vi…
Eu vi o Maracanã, nossa catedral, lotado de fiéis numa festa linda. Vi a casa pronta para o 6º título do nosso clube/religião! E vi um time nervoso em campo e o Grêmio, que diziam que nada queria, ir para cima e fazer o primeiro gol.

Meninos, eu senti…

Senti um nervosismo sobrenatural no ar. Senti medo! Senti angústia! Senti vergonha de não ter fé, de achar que poderia dar errado. Senti novamente o pesadelo de derrotas antigas virem à tona.

Meninos, eu tentei…

Tentei gritar!. Empurrar o time! Às vezes acompanhado de parte da torcida; em outras a acompanhando. Mas, o grito cismava em sair abafado. Festa e gol de empate não aliviaram o sofrimento. Parte de mim tinha certeza da vitória. Outra teimava em pensar que a citada imprensa do politicamente correto tinha razão. Não conseguia identificar, Meninos, o que, na verdade, eu sentia. Eram tantos sentimentos opostos e simultâneos…. Nada do que já passei se comparava a isto. Vergonha e êxtase juntos! Coragem e medo de uma só vez! Esperança e temor dividindo o mesmo coração! Não dava mais! Iria explodir.
E, Meninos, eu explodi…
Explodi de felicidade pelo gol do Angelim. Outra tapa com luva de pelica do meu Mengão. Como o gol do título poderia ser feito por um zagueiro tão inexpressivo, mas, ao mesmo tempo, tão elegante e vigoroso? Ridículo, este Flamengo!
Meninos, eu senti…
Na verdade, continuei sentindo a ambigüidade de intuições opostas. Bruno prendia a bola com os pés em nossa área e eu achava que meu coração quarentão não agüentaria mais….Encorajava quem estava ao meu lado angustiado, mas, por dentro, estava mais tenso do que todos. Tinha a certeza da vitória, mas o medo de um novo Santo André pelo caminho.

Por fim, Meninos, eu vi…

Vi o jogo terminar e novamente o Flamengo ser campeão. Pela sexta vez! Somos HEXA!

E Meninos, eu senti…
Senti a emoção de voltar a ser o maioral. Senti como é bom ser Flamengo. Festejei! Gritei! Chorei! Arrepiei-me! E, mas do que tudo, tirei um peso monumental de cima de minhas costas. E, novamente, leve, estou pronto….

Sim, meninos, estou pronto...

Pronto para o Hepta! Para o Bi da Libertadores e o Bi Mundial!
Vamos Flamengo….

Esta loucura que eu sinto por ti…. nunca foi tão intensa!

Vamos, meninos… Vamos Flamengo….

Flamém!

PS: Nesta data, este blog ainda não havia sido criado. Este artigo foi publicado originalmente no Flamengo, Aspirinas e Urubus e republicado no Magia Rubro Negra.