Mostrando postagens com marcador Parábolas e Citações. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Parábolas e Citações. Mostrar todas as postagens

sábado, 8 de novembro de 2014

ELES ACREDITARAM. NÓS, TAMBÉM! OU O FEITIÇO QUE VIROU CONTRA O FEITICEIRO.

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

“Quer você acredite que possa realizar alguma coisa ou não, você estará certo!” (Henry Ford)



Após o gol de empate no final do primeiro-tempo, eles acreditaram que poderiam virar e se classificar. O pior é que nós também acreditamos na mesma coisa. O resultado foi um time vibrante de um lado, em sinergia com sua torcida, enquanto do outro um grupo acovardado, com o treinador perdido em substituições inexplicáveis e com a bola queimando os pés dos jogadores. Tudo dava certo para eles e errado para nós. 

O irônico é que fomos vítimas naquilo que somos mestres. Nosso feitiço se virou contra nós. Quantas vezes nossos gritos vindo de cima não empurraram o time #ParaCimaDeles,Mengo? Quantos sapos em campo não foram transformados em príncipes ungidos pelo Manto Sagrado? Quantos adversários não ficaram acuados em sua própria área tal qual sparrings encolhidos nos cantos dos ringues sob pressão de nossa inflamada torcida? Quantas partidas os torcedores, com seus gritos de confiança, não conquistaram para o clube? Quantos milagres não presenciamos no Maraca? Em quantas oportunidades acreditamos quando ninguém mais acreditava, nem mesmo os próprios jogadores, até ele entrarem em campo e na sinergia com a arquibancada fazerem o impossível acontecer? 

O segundo-tempo daquele fatídico jogo teve toda a cara de Flamengo, de Maracanã, mas infelizmente, tudo aconteceu de forma inversa. O medo de perder estava conosco e a confiança no feito improvável, neles. 

É fato que o atual time do Atlético é melhor do que o do Flamengo. Porém, com todas as nossas limitações imagino que ninguém tenha dúvida de que teria sido possível passar para a final. Afinal, estivemos muito próximos dela. Pela maneira como tudo transcorreu, a surpresa acabou sendo a nossa eliminação. 

Como ensinam os manuais de autoajuda, tudo que um sonho precisa para ser realizado é de alguém que acredite que isso seja possível ou acredite em si próprio e chegará o dia em que os outros não terão outra escolha, senão acreditar com você. Ou como Alice no País das Maravilhas: a única forma de chegar ao impossível, é acreditando que é possível. 

Crenças nascem do empirismo, da compreensão que temos sobre nossas experiências e em um efeito cíclico vão moldando nossas experiências futuras. Vemos essencialmente o que acreditamos. Vivemos conforme cremos. 

É natural acreditar em algo que acontece de forma recorrente. Se um raio cai duas vezes no mesmo lugar, há algo a mais do que coincidência. Há algo atraindo o raio. O que dizer de 4 vezes? Pois por quatro vezes esse time do Atlético reverteu um placar adverso de 2 a 0. Na quarta, fomos a vítima. Mas, para que isso acontecesse, tanto eles quanto nós primeiro acreditamos na existência do para-raio. Esse comportamento mútuo moldou o segundo-tempo daquele jogo. De um lado, a confiança na classificação. De outro, o medo de perdê-la. 

É fácil para quem é Flamengo entender essa dinâmica. Difícil é aceitá-la contra nós. Esse é o nosso feitiço. Essa sempre foi nossa magia, a nossa mística. Nós fazemos a hora, fazemos acontecer. Porém, dessa vez, nosso time acreditou na crença alheia. Assim, não sonhamos nossos sonhos, mas o deles e o pesadelo se tornou real. 

Quando a mente se abre a uma nova ideia nunca mais volta à forma anterior. Que essa experiência nos sirva de lição. Que saibamos que o medo de perder elimina a vontade de vencer. Que tenhamos a noção de que resultados não devem ser garantidos, mas sim conquistados, alcançados. Que um time de massa não tenha medo da pressão de um estádio. Que a diretoria priorize a montagem de um time atraente e competitivo capaz de gerar renda suficiente para autofinanciar o investimento a ser realizado. 

Mas, eu juro que, no pior momento, vou te apoiar até o final. Somos grandes também porque aprendemos a nos levantar. É hora de juntar os cacos e seguir adiante. Não compactuo com a ideia de que o nosso objetivo fosse apenas o de fugir da confusão. Metas precisam ser desafiadoras, relevantes e estarem à altura de nossa capacidade. 

Ousar sonhar, ousar viver. Sonho sim com um feliz 2015, rubro-negro, com um time que honre o manto, que tenha metas grandiosas, digna de nossas tradições e do tamanho de nossa torcida. Mas, não me permito, como Flamengo que sou, ver apenas o tempo passar. Ainda havemos de conquistar. Há batalhas a serem enfrentadas e desejos a nos inspirar ainda neste ano. 

Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é o começo da realidade. O verdadeiro projeto ainda está matematicamente ao nosso alcance. 

Se as coisas são inatingíveis… ora! Não é motivo para não querê-las. Se não se tornar possível, ao menos teremos o orgulho da dignidade de termos tentado, de não fugir antes da guerra terminar. No mínimo, teremos mais inspiração para 2015.
De qualquer modo, se há esperança, #EuAcredito!


 FLAmém!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Os idiotas da objetividade e a mística do time que não cai

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!


"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola. A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakesperiana. Às vezes, num córner bem ou mal batido, há um toque evidentíssimo do sobrenatural" (Nelson Rodrigues)

Time grande não cai! Como não? E racionalmente enumeramos Vasco, Fluminense, Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Corinthians, Atlético MG.... E o Flamengo? Claro que poderia cair, apressam a dizer em frases acompanhadas de inúmeros argumentos lógicos. Pobre lógica! 

Flamigos, lembram-se da ISL? Da humilhação de um presidente algemado? Mas, olhem ao redor. Todos os clubes que perderam seus mecenas, seja na forma de investidores ou patrocinadores, onde foram parar? Pois é, com impeachment e tudo não visitamos o inferno. Time Grande não cai!

Não adianta tentar me convencer com argumentos de que o Flamengo é um time como os outros. Que antes deles caírem também tinham a mesma convicção. Até o momento em que fizeram menos pontos e... foram rebaixados. Será mesmo? Tem tanta certeza assim? Como diria o poeta "há tantas razões para duvidar e uma só para crer". Observe! Há algo que vai além da pobre compreensão humana.

Na experiência da não-gestão dos anos de trevas da Patrícia nem sequer entramos na Zona. Ali havia perigo. Então, de alguma forma, ficamos afastados. Não tente entender. Mas, não lute para rejeitar o que não pode explicar. Fato é fato!

Time Grande não cai! Eis a verdade, mas que nós mesmos recusamos a aceitar. Falta-nos fé. Todo ano, mal o campeonato começa as redes sociais são invadidas com as profecias do apocalipse.

"Um honroso e horroroso 16º lugar será lucro", vaticinam... até que ao final, exclamam:
"Ah! Mas, passamos sufoco!"
"Se não tivéssemos vencido tal jogo..."

Podia ser menos sofrido.... Podia ser mais planejado... mas, acontece, que no fim, tudo dá certo. Aceitem! Até o arco-íris sabe disso. Que outro clube teima em lutar contra o manual e, mesmo assim, quando tudo termina, pode comemorar. Quantos taças podemos mostrar àqueles que duvidavam. Sim, para alguns, essa surpresa positiva é mais gostosa do que a decepção. Não é para esses que falo. Também não estou fazendo apologias à bagunça. Se é assim, sem métodos adequados de gestão, imaginem quando tudo estiver funcionando nos conformes. Seremos imbatíveis!

Este ano essa mística ficou ainda mais nítida.  2013, com dívidas e problemas acumulados, já começou mal. Planejaram um período sabático para o clube, em nome da arrumação da casa. Como pode? Propuseram apenas deixar o tempo passar. Ora, Arthur da Távola, apesar de tricolor, já dizia que Ser Flamengo:

"é ousar, é contrariar norma, é enfrentar todas as formas de poder com arte, criatividade e malemolência. É saber o momento da contramão, de pular o muro, de driblar o otário e de ser forte por ficar do lado do mais fraco. É poder tanto quanto querer. É querer tanto como saber; é enfrentar trovões ou hinos de amor com o olhar firme da convicção."

Então, absurdamente e contra a própria história, o clube seguiu o caminho trilhado conforme planejado. Metas sem ambição trazem resultados medíocres! O tempo passava e os adversários idem. O pânico tomava conta. Não faltavam argumentos sólidos para mostrar que o risco desta vez era real. Quem poderia negar? Só os tolos, diziam.

Até mesmo os de fé mais firme relutaram e chegaram a negar por três vezes a Supremacia do Flamengo em um determinado momento deste ano. O time fraco estava agora só, abandonado pela principal estrela: o técnico que faria com que eles evoluíssem. Mas, eles, coitados, não entendiam o que o grande comandante queria dizer. E esse os deixou. Em um momento de queda. Sem maiores explicações. Ficou apenas um "Tchau, Mano!".

Pois ali, quando qualquer outro clube entraria em uma fase de declínio, o Flamengo soube ser Flamengo. Da diversidade, encontramos a unidade (certo, Vivi?). A equipe se uniu e encarnou o verdadeiro espírito. A torcida compreendeu e compareceu. O urubu, mais uma vez, tal qual a fênix, ressurgiu. Forte! Determinado! Pronto para dar o bote!

Os idiotas da objetividade exploram as estatísticas (como cansei de fazer em debates em fóruns rubro-negros), buscam argumentos, mas deixam escapar o óbvio ululante. Há algo de místico, de sobrenatural, no futebol. Creia você ou não. A bola não entra por acaso, mas é guiada por algo que não podemos ver, mas que todos nós sentimos.

Pois é sempre ali, naquele momento em que acreditamos que o Flamengo precisa da gente. Em que pregam força do outro lado. Em que nos tiram o favoritismo, a condição de supremacia. Neste momento, neste exato momento, em que o urubu parece que será abatido, que todos nós, pessimistas ou otimistas, medrosos ou corajosos, pobres ou ricos, da favela ou da cobertura, fanáticos ou relutantes, confiantes ou reticentes, temos uma só crença: vencer, vencer, vencer! As almas se juntam. Os corações parecem que vão explodir. E essa força é transmitida aos bravos lutadores em campo, que se tornam heróis. Monstros sagrados! E a bastilha se torna inexpugnável! Enquanto isso... mais um gol do Brocador!

Uma vez, Flamengo....
Time grande não cai! Nós não deixamos cair!
Parabéns Nação!



 FLAmém!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Flamengo - 118 Anos - Uma História de Paixão

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!


Eis uma revelação: não estamos sozinhos! Mais do que isso, estamos sendo observados. Pois, um desses planetas que nos observam andou reunindo sua cúpula por conta de relatos impressionados com um fenômeno que surgiu há apenas alguns anos. Sim, apenas, pois naquele outro lado do universo, o tempo é mensurado de forma diferente e os habitantes vivem bem mais do que isso. Queriam compreender como algo poderia atrair tanta atenção, despertar tanta paixão tão rapidamente. Eles queriam entender o que significava ser Flamengo!

Então, o grande ancião, o chefe dos chefes daquele pequeno planeta com menos habitantes do que o Flamengo tem de torcedores pergunta:

- Caros observadores. Vocês, que conseguem ver além da matéria, que conseguem escutar, ouvir, ler e sentir o mesmo que seus observados, venham até mim e me digam afinal o que é o Flamengo?

- O Flamengo é algo que une as pessoas e todas elas a uma espécie de Força Superior através de rituais praticados em templos vestidos com uma camisa que chamam de Manto Sagrado e lá entoam cânticos e gritam sem parar. - Falou o primeiro Observador

- Entendi! O Flamengo é uma espécie de Ente Supremo e ser Flamengo uma espécie de religião. - Respondeu um dos Conselheiros, enquanto o Mestre ficava ali pensativo.

- Não exatamente! Ou melhor, não apenas uma religião. Até porque "não promete vida eterna, nem enriquecimento fácil. Ao contrário, às vezes, mata de enfarte e quase sempre só dá despesas". - Completou novamente o Observador.

- Então, quem me descreve o que é o Flamengo? Quem pode me dizer o que viu? Quem atravessou territórios para observar? - Perguntou mais uma vez o Líder Ancião.

- Posso afirmar que "as pessoas amam o Flamengo como se fosse um pedaço da terra que nasceram". "Sua camisa vermelha e preta viaja de canoas pelos iguarapés; galopa pelas coxilhas; caminha pelos sertões, colore todas as praias; está nas favelas; nos conjuntos habitacionais e nas coberturas triplex. Suas cores vestem famosos e anônimos, bandidos e vítimas, corruptos e honestos, pobres e grã-finos, idosos e crianças, os muito feios e as muito bonitas". - Contou outro Observador

- Então, o Flamengo é uma Nação! - Concluiu um outro Conselheiro

- Sim! Definitivamente é. Mas, é também a religião que aqui se observou. E é mais do que isso. "O Flamengo é um amor, uma devoção, uma eterna comunhão de sentimentos. Quando o Flamengo vence, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se roboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz, está feliz". - Disse um novo Observador.

- Falem-me mais. Preciso de mais informações. O que significa Ser Flamengo? - Ordenou o Líder, com cara de interrogação

- "Ser Flamengo é ser humano e ser inteiro e forte na capacidade de querer. É ter certezas, vontade, garra e disposição. É paixão com alegria, alma com fome de gol e vontade com definição. É ser forte como o que é rubro e negro como o que é total. Ser Flamengo é deixar a tristeza para depois da batalha e nela entrar por inteiro. É pronunciar com emoção as palavras flama, gana, garra, sou mais eu, ardor, vou, vida, sangue, seiva, agora, encarar, no peito, fé, vontade. Ser Flamengo é morder com vigor o pão da melhor paixão; é respirar fundo e não temer; é ter coração em compasso de multidão. É poder tanto quanto querer. É querer tanto como saber; é enfrentar trovões ou hinos de amor com o olhar firme da convicção." - Declamou poeticamente um novo Observador, deixando claro que se tratava das palavras literais de um habitante da Terra

- Quem falou isso deveria ser bastante apaixonado pelo Flamengo - Observou um dos mais jovens conselheiros, sem deixar de esconder seu entusiasmo.

- Não! As palavras foram de um torcedor de um rival.

- Incrível esse Flamengo. Seria, portanto, uma abstração? - perguntou o mesmo Conselheiro

- Não mesmo! "É um complexo de carne, ossos, tendões, músculos. Quando se fala nele, vêem à mente os heróis que tem vestido sua camisa". Nomes como Zico, Leandro, Zizinho, Carlinhos, Evaristo, Adílio, Andrade, Júnior, Aldair, Mozer, Leônidas da Silva, Dida, Petkovic, Doval, Almir, Nunes, Gamarra, Jaime de Almeida, Bria, Dequinha, Rubens, Claudio Adão, Julio Cesar, Gerson, Jair da Rosa Pinto, Domingos da Guia, Alfredinho e tantos outros. Mas, não ficam apenas no futebol. Há também o grande treinador do Remo, Buck; o cestinha Oscar; o decacampeão Kanela e o Algodão, ainda no Basquete; os ginasta Luísa Parente e Diego Hipólito; Érica Lopes, a Gazela Negra; no vôlei, Leila e Virna e tantos outros e outras nas mais diversas modalidades esportivas.

- Mas, só o Flamengo tem tantas glórias? - Perguntou um dos Conselheiros

- "Pode até ser que a paixão pelo Flamengo, seja pelo fato do clube ter dado ao seu torcedor, todas as alegrias que ele possa experimentar", mas não creio. Outros clubes também têm conquistas, mitos e histórias. Mas, há algo diferente ali. - Sentenciou o mais experiente dos Observadores.

Foi dado um tempo e todos olhavam fixamente para o Mestre para que eles lhes explicassem o que seria o Flamengo. Depois de um longo silêncio, o Líder abre os olhos e diz:

- O Flamengo é um mistério, uma paixão metafísica, que se passa de geração para geração. Ele não está apenas nos pés ou mãos dos ídolos. Mas, principalmente, no coração de quem o sente. O Flamengo é um sentimento, sobre o qual não se cabe palavras. Só quem for, pode realmente saber. O Flamengo não se explica, mas se sente!

 FLAmém!

PS: Uma homenagem especial a todos que se dedicaram a escrever sobre o Flamengo em especial a Ruy CastroArthur da Távola, Ziraldo, Juiz Eliezer Rosa cujas obras ou citações possuem trechos aqui transcritos.

sábado, 2 de março de 2013

O Desejo, a Viagem e a Magia Rubro-Negra

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

Irmãos, estamos aqui reunidos em nome do nosso ídolo maior. Para comemorar os 60 anos do Zico, o Magia Rubro-Negra, presentou-o com um livro com texto de todos os colunistas. Abaixo segue um que fiz como introdução.



Se havia algo que Arthur não se conformava era não ter visto Zico jogar. Foi nisto que ele pensou naquela tarde do dia 02 de março de 2013, quando comemorava 19 anos, pouco antes de soprar as velinhas de seu bolo de aniversário. Aos escutar sua avó dizendo para ele fazer o tradicional pedido, pensou: "gostaria de voltar no tempo e acompanhar toda carreira do Zico".

Obviamente, tinha sido batizado em homenagem ao ídolo. Nascera na véspera do aniversário do Zico ou do Natal Rubro-Negro, como gostava de dizer, justamente no ano em que o Galinho de Quintino, lá no outro lado do mundo, pendurou definitivamente as chuteiras.

Naquela noite, o jovem rubro-negro foi repousar pensando na carreira do Zico e no pedido que fizera. Justo ele tão cético com essas coisas. "Crendices bestas da vovó" pensava. Mas, não entendia porque, dessa vez, deitado na cama, pronto para dormir, ele não deixava de pensar que perdeu um pedido para brincar com seus próprios desejos. Devia ser reflexo da emoção que sentiu na inauguração da estátua do ídolo pela manhã.

Enquanto pensava, sentiu uma mão lhe tocar. Olhou e assustado viu um menino louro de asas fazendo-lhe sinais. De supetão, sentou-se na cama, esfregou os olhos e se beliscou para acordar. Nada aconteceu e o anjinho continuava ali.

"Não é possível!" exclamou enquanto imaginava que estava ficando maluco. Sem ver o anjo mexendo as bocas, escutou uma voz lhe dizer: "Vamos logo, Arthur! Não tenho o dia inteiro. Temos que viajar no tempo".

Nem teve tempo de discutir com o que julgava ser uma alucinação sua. Uma espiral vermelha e preta apareceu em sua frente, no meio do ar, na altura de seus olhos e começou a girar, a girar, a girar... cada vez mais rápido. Nem teve tempo de refletir sobre o que estava acontecendo. Foi sugado pela imagem e começou a gritar.

Caiu sentado numa calçada de um subúrbio. "Onde poderia estar?", questionava a si mesmo. Estranhou o jeito de vestir das pessoas. Parecia estar assistindo um filme antigo. Enquanto tentava entender o que tinha acontecido, ouviu uma voz suave que lhe soou familiar.

- Arthur, sabe que dia é hoje?

Era o anjo. Mas, antes que ele pudesse responder que era dia de seu aniversário, a criatura alada lhe avisou que estavam no dia 03 de março de 1953 e completou perguntando se ele sabia que dia era esse.

"Como assim?", pensou Arthur. Não podia ser verdade. O jovem não estava acreditando em sua sorte. Olhou para o relógio e viu que marcava 7h da manhã. Era a hora e o dia em que Zico nasceu. Agora, entendia tudo. Estavam em Quintino. Mais precisamente em frente à casa 7 da rua Lucinda Barbosa.

Afobado e nervoso, correu para a casa. Lá viu 5 crianças e um senhor. Só poderia ser o Seu Antunes, pai do Zico. Quase sem voz pela emoção, tentou chamá-lo, mas ninguém o escutava. O anjo, então, lhe comunica que estavam em uma dimensão diferente. Não seria possível interagir.

Escutaram um choro de criança e os gritos de "nasceu". A alegria tomou conta da casa e ele não se continha em si mesmo. Estava ali com Seu Antunes, Dona Matilde, Zezé, Zeca, Nando, Edu, Tunico, o bebê Zico e a parteira, Dona Marta. Estava presenciando o Natal Rubro-Negro. Ao vivo! Incrível! Extraordinário! Emocionante!

Ao escutar o anjo estalar os dedos, o jovem Arthur viu o tempo passar rapidamente como se estivesse adiantando um filme que estava assistindo. Pode acompanhar o bebê virar menino, ser chamado de Arthurzico e, logo depois, apenas Zico. As quatro letras, que por si só, trazem emoção a qualquer torcedor do Flamengo.

Apesar de franzino, Zico era forte e saudável. Não teve nenhuma das doenças comuns às crianças da época. A família atribuía isto ao fato de ter sido amamentado até quase os 6 anos de idade.

Assim, Arthur viu seu xará famoso crescer. Teve a oportunidade de acompanhá-lo em peladas nas ruas e na quadra de futebol de salão que seria construída nos fundos do terreno da casa onde a família Coimbra morava. A habilidade do garoto já impressionava a todos ali. Escutou o padrinho dele, Augusto Leite, falando que o menino seria um craque, um dos melhores do mundo, se virasse jogador de futebol.

O filme da vida de Zico continuava passando para o Arthur como se ele estivesse dentro de cada cena. Era incrível! Assim, viu Antunes (Zeca) e Edu virarem jogadores. Ótimos jogadores, aliás.

Praticamente de camarote assistiu o futebol de Zico chamar tanta atenção quanto o corpo franzino causava desconfianças. Levado para o Flamengo pelo radialista Celso Garcia, o jovem e o anjo puderam acompanhar as dificuldades daquele menino em atravessar a cidade indo de Quintino à Gávea para treinar e ainda ter que estudar como exigia a família.

Também, viu algo que seu pai não tinha lhe contado na história de Zico. Por causas das dificuldades em ir para a Gávea, sem o Flamengo bancar a alimentação, quase que o futuro craque foi parar no Vasco. A salvação aconteceu graças a George Helal que resolveu custear sua alimentação e exames médicos necessários para fazê-lo ganhar corpo.

A viagem pela linha de tempo mais importante da história rubro-negra continuava acontecendo. Estavam em 1970, no Maracanã. Tratava-se do primeiro jogo do Zico no estádio. No jogo principal, aconteceria a despedida de Carlinhos dos gramados, de quem recebeu um par de chuteiras, num gesto simbolizando a passagem de bastão.

O Arthur viu de perto o trabalho de uma equipe médica, sob comando do Dr. José Roberto Francalacci, na implantação de um inovador programa de desenvolvimento físico, com o qual, nos anos seguintes, Zico ganharia 6 centímetros e nove quilos.

O anjo continuou estalando os dedos, o tempo passando e Arthur podendo viajar pelo tempo realizando o sonho de acompanhar a carreira de Zico. Foi desta maneira que viu o Galinho de Quintino, apelido que seria dado por Waldyr Amaral, subir e voltar para a base, não ser convocado para as Olimpíadas de Munique, ir finalmente conseguindo se firmar no time principal e se tornar o principal jogador de um esquadrão que tudo conquistou. Em histórias que serão narradas com mais detalhes nas demais páginas desse especial do Magia Rubro-Negra, que também contará a emoção de colunistas-torcedores com o que Zico representou para cada um.

Assim, o nosso Arthur estava emocionado, podendo acompanhar tudo com que sempre sonhou. Chorou com a saída de Zico para a Itália, com o pênalti perdido na Copa e se derreteu em lágrimas na despedida no dia 06 de fevereiro de 1990 no Maracanã. Sentiu a emoção de cada um dos 90 mil presentes. Pode ainda ser testemunha do seu recomeço no Japão e do novo sucesso ao conseguir desenvolver o futebol em terras orientais.

Até que foi chegando o ano de seu próprio nascimento, 1994, quando viu Zico se despedir de vez dos gramados e, para brindar a emoção que via o jovem sentir, o anjo permitiu que ele conseguisse pegar um chaveiro do Kashima Antlers como recordação, que colocou no bolso.

O anjo avisou que estariam voltando e novamente viu a espiral vermelha e preta. Foi se sentindo com sono enquanto era transportado por um túnel no espaço. Até que sentiu uma mão lhe balançando.
- Acordaaaaa, Preguiçoso! Venha almoçar para irmos ao jogo. Acoooooorda, Arthur! Já está tarde. Dormiu demais, rapaz!

Era um vizinho e amigo com quem iria ao Engenhão neste dia em que Zico faz 60 anos para juntos assistirem a semifinal da Taça Guanabara. "Teria sido tudo um sonho, então? Mas, parecia tão real!".

Quando já se preparava para contar seu sonho ao amigo e à família, ele coloca a mão no bolso e encontra o chaveiro do Kashima. Sorri! Olha para os céus e agradece em silêncio. Agora, era um rubro-negro realizado. Finalmente, se sentia completo. Tinha assistido Zico jogar.



 FLAmém!

sábado, 7 de julho de 2012

FLA x FLU: UMA VIAGEM CENTENÁRIA PELO TEMPO

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!



Estamos aqui reunidos para contar mais uma parábola, trata-se da história de um cientista chamado Albert* e sua máquina do tempo. 

Albert cresceu escutando acalorados debates entre seu avô tricolor e seu pai rubro-negro à respeito do Fla x Flu. Talvez por isto tenha optado pelo caminho da ciência e deixado a magia do futebol um pouco de lado. Quando lhe perguntam qual é o seu time, ele sempre responde que é Fla x Flu e se se afasta de qualquer papo mais aprofundado.

Sua dedicação à ciência e sua inteligência lhe renderam diversos prêmios. Porém, sua principal descoberta seria aquela que tinha acabado de fazer. Depois de anos de árduo trabalho, Albert finalmente conseguiu inventar uma máquina do tempo, através da qual seria possível voltar ao passado na qualidade de observador e acompanhar feitos históricos. Estava fascinado e logo pensou em uma série de acontecimentos que gostaria de presenciar. Pelos seus cálculos, o recuo temporal máximo permitido pelo equipamento seria de cem anos. Também, não daria para viajar no espaço, ou seja, para outros locais. Teria, então, que pensar em acontecimentos realizados na cidade do Rio de Janeiro.


Depois de se imaginar observador ilustre da cena política no antigo distrito federal, ele se deu conta de que ao voltar um século, poderia retornar para 1912, ano de nascimento de seu avô. Isso o fez querer testar o "seu novo brinquedo" com a história de sua própria família que se confundia com a do clássico mais charmoso do Brasil.

Albert, então, entrou no estranho aparelho que inventara, rodou uma manivela, apertou um botão e começou a girar... a girar...cada vez mais rápido. Quando já estava ficando tonto, o equipamento voltou ao seu ponto de equilíbrio. Uma janela se abriu e ele pode ver imagens de um Rio de Janeiro que não existe mais. Observou a elegante indumentária de homens e mulheres caminhando por paisagens urbanas que só conhecia por fotos. Ninguém parecia notá-lo. A impressão era realmente de estar em outra dimensão. Aproveitou e se dirigiu até o bairro das Laranjeiras, à então Rua Guanabara, atual Pinheiro Machado, onde seria realizado o primeiro Fla x Flu da história.


No caminho, pensava na fundação do Flamengo. Seu avô Nélson se gabava de dizer que o Fluminense era o pai do Flamengo. No entanto, completava dizendo que se tratava de um filho desvirtuado, que teria perdido o glamour da família tricolor. Já Mário, seu pai, lhe dizia para não dar ouvidos. Que a história não era bem assim. Pelo contrário, o departamento de futebol do Flamengo havia sido criado por jogadores que vieram sim do Fluminense, mas que também eram remadores do Flamengo e o fizeram por discordar de uma medida da comissão técnica tricolor de substituir o atacante Alberto Borgeth por um zagueiro. Ou seja, o Flamengo já fora criado sob espírito de uma revolução e da ousadia. O Flamengo já no seu início mostrava que não eram os cartolas que deveriam ser o núcleo do jogo. Também, nascera por ser contra a retranca. 

Para aquele jogo, o recém-criado Flamengo era franco favorito. Afinal se tratava de praticamente todo time titular que havia sido campeão carioca no ano anterior pelo agora rival Fluminense. Os resultados anteriores confirmavam o favoritismo, já que o rubro-negro havia feito 30 gols nas quatro primeiras rodadas O jornal "O Paiz" publicava que "A equipe do Flamengo vinha de tal forma organizada que por todas as razões se impunha a sua vitória". Porém, na partida que começou exatamente às 15:55h do dia 07 de julho de 1912, os jogadores tricolores jogaram com brios e demonstraram que não há favoritismo em clássicos e venceram por 3 a 2, com o primeiro gol saindo logo no minuto inicial e o gol final no último minuto, logo após o empate do Flamengo. Que belo começo!


Albert viu a festa nas arquibancadas, porém feita por um pequeno público, como era comum naqueles tempos anteriores à popularização do esporte bretão. A baixa popularidade também ficou demonstrada nos pequenos espaços dados pelos jornais no dia seguinte ao primeiro Fla x Flu. A Gazeta de Notícias, por exemplo, apenas informou que "o team tricolor apresentou-se bastante treinado e desenvolveu um jogo acima das expectativas". E mais nada!



Albert lembrou-se do avô que dizia que "se o Flamengo tivesse ganho o primeiro jogo, a rivalidade morreria ali, de estalo. Mas a vitória tricolor gravou-se na carne e na alma flamengas. E sempre que os dois se encontram é como se fosse a primeira vez". Com este pensamento, decidiu-se por repetir a dose. Não quis assistir ao jogo seguinte, onde o Flamengo honraria o favoritismo e aplicaria um impiedoso 4 x 0 no Fluminense. Assim, do ano do nascimento de seu avô partiu para o de seu pai. Em 23 de novembro de 1941, assistiu a mais um Fla x Flu, desta vez no estádio da Gávea.

Naquele jogo, o Fluminense que jogava pelo empate fez 2 x 0. Ainda no primeiro tempo, o Flamengo descontou com Pirilo. O mesmo jogador fez o gol do empate aos 38 minutos da etapa final. A partir daí, o que se viu foi uma enorme pressão do time rubro-negro e o Fluminense começou a apelar para a catimba e a chutar a bola do estádio para a Lagoa Rodrigo de Freitas, em frente. Estupefato, Albert assistiu o jogo ser interrompido por falta de bolas. Enquanto se discutia o que se faria, remadores do Flamengo foram até a Lagoa e trouxeram as bolas. O jogo continuou por mais 12 minutos, mas o Flamengo não conseguiu o empate.

Albert começava a gostar e se interessar realmente pela mística do Fla x Flu. Não é que seu avô Nélson tinha razão quando dizia que "cada jogo entre o Flamengo e o Fluminense parece ser o maior do século e assim será eternamente".

O Fla x Flu começou realmente a fazer a cabeça do cientista. Albert então ligava sua poderosa máquina e partia rumo a outras memoráveis partidas. Ali de sua dimensão teve a honra de ver surgir heróis e vilões. Se apertou no Maraca no ano de seu nascimento assistindo o jogo com o maior público da história do futebol brasileiro, quando 194.603 pessoas (com ele, agora, havia uma a mais, que não foi contabilizada) foram ao Maraca ver a final do Carioca de 1963. Relembrou ao vivo e a cores do Assis e do Renato Gaúcho sendo carrascos do Flamengo e do Zico, em companhia do Sócrates, detonando o Fluminense, após ser chamado de "bichado" pela torcida adversária e até do Bottineli mandando dois balaços contra o tricolor. Viu jogos emocionantes serem decididos no final, como também históricas viradas, sem contar as goleadas.

Fora dos gramados, o Fla x Flu chama tanta atenção quanto dentro. Ali viu sofrimentos, gritos de gols entalados na garganta, vibrações, abraços, choros. Além do colorido das bandeiras na arquibancada. Todo jogo é uma festa. Incrédulo, observou, privilegiadamente, seu avô dizer que a alegria rubro-negra não se parecia com nenhuma outra, que era diferente. Também viu Mário, seu pai, dizer numa arquibancada lotada que o Flamengo era o clube mais amado do Brasil porque se deixava amar à vontade. Mas, a citação que mais lhe chamou a atenção foi dita por um tricolor chamado, como soube depois, Cláudio Lambert, após uma virada do Flamengo por 4 x 3 em 2004. Um jogo em que o Flamengo com time inferior arrancou a vitória na raça e no grito vindo da torcida. Cláudio virou para o seu filho e, tentando explicar o acontecido, disse: "23 minutos e mesmo perdendo por 3 x 1, aquela massa do outro lado não parava de pular, ninguém saia do seu aperto, ninguém ia embora. Aliás, eles nunca vão embora, nem arredam o pé. Eles não se sentam, não param de gritar. Eles não sossegam. Eles acreditam mais do que os outros. Eles jogam com 12. E jogar com 12 deveria ser proibido!"

Albert então notara que seu pai e seu avô tinham razão. Quanto tempo ele desperdiçou ao não se entregar a Magia do Futebol, do Fla x Flu. Felizmente, ele havia inventado uma forma de recuperar esse tempo perdido. Assim, pela última vez naquela dia ele resolveu rodar a manivela e apertar o botão. Girou até voltar aos dias atuais e ir garantir seu ingresso. Ao voltar ao passado, compreendeu o presente e resolveu que, dali em diante, ele também ajudaria com seus gritos a fazer parte da história.

>

E a pergunta que não quer calar: afinal em que torcida Albert irá acompanhar o Fla x Flu deste domingo? Fiquem com as palavras do próprio cientista ao garantir seu ingresso:

"Viavaaa! Ingresso na mão! Em qual setor? Ora, sabem o que consegui observar em minhas viagens pelo tempo? Que este é o clássico que os tricolores mais gostam e sabem o verdadeiro motivo? É por que podem assistir à festa rubro-negra. Perdendo ou vencendo, o espetáculo ocorre do outro lado e eles podem ver de frente. Então, eu afirmo que não nasci para ser voyeur. Faço questão de ser protagonista e por isto que estou com meu Leste Superior nas mãos. Vaaaaamooooos Flamengo....."

E você? Se você inventasse uma máquina e pudesse rever um Fla x Flu, qual seria?

FLAmém!

* Os personagens tiveram seus nomes escolhidos como forma de homenagem:

  1. Albert é referente ao Albert Einstein, cuja Teoria da Relatividade forneceu a sustentação teórica para que diversos autores de ficção científica soltassem a imaginação e explorassem o tema da viagem pelo tempo, em diversos filmes e livros.
  2. O tricolor Nélson e o rubro-negro Mário homenageiam os irmãos Nélson Rodrigues e Mário Filho(que dá nome ao Maraca). Além dos nomes, o artigo acima pega carona em muitas das frases de autoria da dupla, cujos textos eternizaram a beleza do centenário clássico.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O DIA D E A SABEDORIA INDÍGENA

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!


Cheguei em Potosi, depois de uma longa viagem com muitas escalas. Cansado, desci do ônibus que nos levou de Sucre até o topo do morro. Respirei fundo. Nada senti.
- Pode vir, galera! Bem que eu avise que macho que é macho não sente a alti....

Foi o suficiente. Nem consegui completar a frase. Cadê o ar? Sumiu! Pulmões secos e cabeça estourando, tudo girou e eu cai. Escureceu! O dia tinha ficado noite. Ao menos, para mim!

Soube mais tarde que fui socorrido por uns bolivianos. Realmente são bastante atenciosos. Povo hospitaleiro! Deram-me um chá e me fizeram mascar umas folhas. Tudo de coca! Maradona in natura! Para minha surpresa, a planta realmente funcionava. Deu certo!

Restabelecido, tratei de fazer tudo em câmara lenta e não parava de pensar como é que alguém poderia praticar esportes naquelas condições. Era desumano! Fui até um restaurante e senti no bolso a força da economia brasileira perto da boliviana.

Comprei folhas de coca e bebi bastante chá até à noite. Quando chegou a hora do jogo, eu já estava para lá de Evo Morales. Mesmo sem me lembrar bem dos lances do jogo, eu tinha uma única certeza: Luxa só podia ter tomado o mesmo bagulho que eu. Não era possível fazer as substituições que ele fez estando careta das ideias.

Como ainda teríamos a manhã toda livre, resolvi, ainda de ressaca pelos efeitos da altitude, da coca e da derrota, seguir os conselhos que os locais me deram de ir conversar com um velho sábio indígena. Ora, estava à toa e já tinha passado o maior perrengue para chegar até lá. Dali até a lua seria mole, mole. Por que não iria andar um pouco para conhecer o tal índio?

Acompanhado de um guia improvisado, consegui, após uma trilha feita muito lentamente, chegar até o local, que seria sagrado. Estava rolando uma espécie de ritual. Observei curioso. Todos tomavam o chá e dançavam alegremente. Pelo que entendi, tinha chegado minha vez de ser consultado. Levaram-me até o ancião da tribo.

Meu guia se aproxima dele e inicia uma conversa em um dialeto local. Não era possível entender uma única palavra. Não sabia o que eu tinha que fazer até que Gutiérrez, o guia, me disse em castelhano que os espíritos dos ancestrais poderiam fazer o pajé se comunicar comigo em português. Depois gritos e danças, o velho índio se virou para mim e, apontando para a camisa do Flamengo que eu vestia, disse:
- Belo Manto! Eu saber que é sagrado!

Sorri e, sem que eu perguntasse qualquer coisa, ele começou a contar uma historinha bem devagar, como se alguém balbuciasse cada palavra em seu ouvido:

- Há muitos anos um menino nesta aldeia se transformava à noite em um lobo. Na verdade, em dois lobos distintos. O primeiro era dócil e divertia as demais crianças do local, sem oferecer qualquer perigo. Porém, o outro era mau e traiçoeiro. Atacava as lhamas e assustava as crianças e a aldeia. Constrangido, o menino-lobo veio até mim para perguntar em qual das duas criaturas ele se transformaria em definitivo.

- Em qual? - perguntei, curioso.

- Simples. No que ele alimentar mais frequentemente. O outro morrerá! Assim, funcionam todas as coisas. Na maioria das vezes, as circunstâncias não são boas nem más. É o pensamento de cada um que transforma um fato em um lobo mau ou bom.

Enquanto ele falava, eu pensava na crise que assolava o Flamengo e no comportamento da torcida propagando intrigas e calúnias por meio das redes sociais. É incrível como nós mesmos estamos alimentando o lobo errado e, assim, pondo mais lenha na fogueira. O velho índio parecia ler meus pensamentos e, como se estivesse me respondendo, sem que eu houvesse sequer verbalizado qualquer pergunta, ele começou a gritar. A montanha ecoou os gritos:

- Observe o poder do som. Ao bater na montanha, mais pessoas podem escutá-lo. Mais do que isto, uma vez que a palavra saiu de minha boca, jamais a recuperarei. Uma vez proferida, ela ganha vida própria. Não se pode se prender às opiniões de uma multidão, que julga rápido e sem critérios. Portanto, não se deve repetir tudo o que se ouve, mesmo que todos estejam falando a mesma coisa.

Ou retuitar tudo que qualquer um tuita, pensei! Acho que o índio não entendeu bem esta história de twitter, porque ficou um tempo em silêncio. Comecei, então, a pensar porque o Flamengo atrai tantos problemas assim. Foi o bastante para o velho sábio começar outra parábola:
- Observe aquela árvore ali. Está intacta. Ninguém dá importância a uma árvore estéril. No entanto, aquela que produz frutos é que é apedrejada para deixá-los cair.
Estava certo! Nenhum clube é mais frutífero do que o Flamengo. Passei a pensar como poderíamos lidar com tanta inveja assim. No mesmo instante, o pajé reiniciou seus ensinamentos:
- Não se deve dar ouvidos a calúnias e intrigas. Se alguém parar o que estiver fazendo para responder uma calúnia, dará razão ao caluniador. Será o eco de sua voz. Se estiver convicção de que o que está fazendo é o correto, siga em frente. Ignore as pedras colocadas no caminho pela inveja e pelo ciúme. Continue marchando. No final, quando tudo der certo, ainda baterão palmas para o trabalho realizado.
Eu continuava admirado com a coincidência dos conselhos e com meu sentimento em relação ao Flamengo. Seria um delírio? Bastou pensar no mundo podre que é o futebol (e em como alguém poderia seguir sem cair na lama) que escutei:
- A luz não se suja ao ser refletida pelo pântano.
Estava chegando o horário de partida de meu ônibus partir. Precisava ir. Pensei que, finalmente, tudo se resolveria após o segundo jogo, o dia "D".
- A vitória chega por meio de lutas que travamos dentro de nós mesmos. Ninguém vive no passado nem no futuro. O momento é agora! Planos sem ações concretas para realizá-los são como castelos no ar. Desmoronam! No entanto, não se planta abacaxi querendo colher coca. Antes de se pensar em decisões após uma batalha, deve se entregar de corpo e alma na busca da vitória.
Imediatamente, lembrei-me dos grandes micos que já pagamos e que não vale a pena relembrar. Espero que neguinho se concentre na vitória. Depois, resolvam suas diferenças, se, por ventura, estas existirem.
De tão eufórico, antes de sair, abri minha mochila, peguei um manto de minha coleção e entreguei ao velho índio. Radiante, ele gritou:
- Mengooooo!
Peguei o ônibus que me traria de volta para o Rio, já pensando no dia "D"!
Pois, hoje, tal dia chegou! Só dependemos de nós mesmos. Será importante a casa estar cheia, mas, principalmente, que o time mantenha o foco no resultado, na busca da vitória. Que o amanhã fique para amanhã. Hoje é dia de pensar só na classificação.

#PraCimaDelesMengo

FLAmém!

PS: Esta historinha é de ficção. Mas, quer saber o relato de um rubro-negro que realmente esteve em Potosi. Clique aqui e acompanhe a aventura de Bruno Nin na última quarta-feira.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A CENTRAL DE BOATOS INSPIRA UM ESTUDO DE CASO EMPRESARIAL

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

A Cia. de Projetos e Assessoramento Ltda. (COMPRA) é uma empresa de prestação de serviços de assessoria/consultoria empresarial que atua nas áreas de  planejamento estratégico, sistema de informação, engenharia de produção e logística. É líder absoluta em seu mercado e por seis vezes já foi eleita a melhor do setor no país.

Neste ano, os negócios estavam indo incrivelmente bem, praticamente não perdia nenhuma concorrência, foi eleita a melhor do estado e tudo parecia caminhar para ser escolhida novamente a melhor do Brasil. Entretanto, ela perdeu inesperadamente uma concorrência considerada fácil para a Indústria Genérica Goianiense.

O que parecia ter sido somente um ponto fora da curva voltou, no entanto, a se repetir. A luz amarela se acendeu após perder mais uma concorrência. Desta vez para a conta da Clínica de Geriatria e de Recuperação Bahia! Uma reunião de diretoria foi convocada para se deliberar quais medidas deveriam ser adotadas para que o rumo fosse restabelecido. Depois de muita discussão, chegou-se a conclusão de que o problema era causado pela deterioração do relacionamento entre o quadro funcional e o Gerente-Geral de Projetos. Este importante cargo foi preenchido no ano passado com a contratação a peso de ouro do premiado Professor Vander Lee, cuja carreira já parecia estar em flagrante decadência.

- A questão é que o ser humano é vagabundo por natureza. Quer moleza. O professor é exigente e o conflito acabou sendo inevitável - disse um diretor.
- Mas, cá entre nós, esse professor é um tremendo chato mesmo. É insuportável! É realmente difícil trabalhar com ele. Ser exigente é uma coisa, ser cri-cri é outra. - disse outro.
- Sinceramente, não vejo grandes diferenças. Vagabundo tem que ser tratado no chicote mesmo. É preciso ter responsabilidade. Pagamos muito bem! - voltou a falar o primeiro.
- Tem formas e formas de cobrar. O professor é grosseiro, turrão, não dá o braço a torcer e é extremamente vaidoso. Acha que tudo de bom é mérito dele. É do tipo "eu ganho, nós empatamos, eles perdem".  Não pode ser assim. - falou um terceiro diretor.
- A questão é que isto não pode continuar. Só me cabe tomar as providências cabíveis. Vamos fazer um trato com a equipe. Nós lhe damos a cabeça do Professor e eles se comprometem a conquistar o prêmio de melhor do país de novo e param com esta historinha de fingirem que estão trabalhando - falou a presidente num tom determinado que não costuma utilizar.

Ficou-se estabelecido que o novo gerente-geral seria alguém do agrado da equipe, alguém supostamente mais liberal. Assim, optaram pelo Ricardão dos Pampas! Como ele estava livre no mercado, chegaram até a sondá-lo. No entanto, a rádio corredor tratou logo de espalhar a notícia e o atual ocupante do cargo ficou sabendo e foi até a presidência.
- Senhora Presidente, as notícias se espalham rápido por aqui. Assim, quero dizer que estamos enfrentando alguns problemas, mas estou certo de que, em breve, voltaremos a apresentar os resultados que vínhamos tendo. Pode ficar tranquila.
- Não temos tempo, Professor. Os sócios cobram por resultados. Logo, serei alvo de ataques políticos. Meu lugar é cobiçado e não posso dar argumentos para a oposição fazer demagogia.

A conversa continuou em tom nada ameno. Vander Lee lembrou que sua saída provocaria um enorme desembolso para a companhia. Além da alta multa prevista em seu contrato de trabalho, chegou a financiar o capital de giro da empresa, para equilibrar o fluxo de caixa no início do ano. Impressionante como uma empresa daquele tamanho ainda tinha atitudes tão amadoras. O empréstimo era garantido por quotas do capital da companhia e até por direito na venda de ativos. Não seria possível realmente se desafazer do gerente de projetos no momento. Assim, a presidente recuou e resolveu mantê-lo e ainda teve que aturá-lo se autodenominando sócio da empresa.

Alguns dias se passaram e como nada melhorava, a presidente e o diretor de projetos, em comum acordo com Vander Lee, deixaram claro para todos que quem não estivesse satisfeito poderia sair. A única certeza seria de que o Professor cumpriria seu contrato até o fim, ou seja, no final de 2012. Logo, após esta reunião com a diretoria, McLaren, um dos funcionários que tinha brigado com o Professor, apresentou coincidentemente um atestado médico. E os demais, como iriam reagir? Iriam peitar a presidente?

O projeto seguinte era para uma concorrência com a Coelho Mineiro - uma fabricante de lanternas. Naturalmente, seria fácil para a COMPRA conquistar a conta, mas na atual situação ninguém sabia mais nada.

A primeira parte da reunião para venda do projeto foi um fracasso. Parecia realmente que não teria mais jeito. Todos falavam sobre o trabalho a ser desenvolvido sem aparentar qualquer ânimo. No entanto, o Professor pediu estrategicamente um tempo e conversou com sua equipe. Na volta para a reunião com a fabricante de lanternas, o professor trouxe dois estagiários, que, de cara, mostraram muita disposição  Foi o suficiente para contagiar os demais. Até Leandro, conhecido pela alcunha de "O Mouro", tido como um dos líderes do boicote ao chefe, resolveu se comprometer com a equipe como há muito não se via. O resultado só poderia ser o reencontro com a vitória em concorrências. Finalmente a empresa voltou a ter sucesso!

A COMPRA estaria finalmente livre dos problemas? Os resultados finalmente voltarão a aparecer? Veremos nos próximos capítulos, uma vez que a próxima concorrência a ser disputada já seria considerada normalmente difícil, diante da SPFW Modas. O que você acha que acontecerá? E o que acredita que rolou no papo entre equipe e gerente no intervalo da última apresentação?

Eu já estou ansioso querendo saber o que o futuro próximo reservará para a empresa.

FLAmém!

PS: Esta é uma obra de ficção inspirada em boatos que circulam pelas redes sociais. Assim, não há qualquer compromisso com a veracidade dos fatos. Trata-se de mero entretenimento, de uma sátira.

PS2: Os nomes das pessoas físicas e jurídicas aqui utilizados são absolutamento fictícios, qualquer semelhança com empresas reais será mera coincidência.

PS3: Publicado no Magia Rubro-Negra

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A LEI DOS MAIS FORTES E A CONSTATAÇÃO DE QUE 2010 FICOU PARA TRÁS

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

No alto de uma montanha, perguntaram ao Mestre qual era a mais poderosa Lei da Natureza:
- Sem dúvida, a Lei dos Mais Fortes. Os mais fortes, aqueles mais bem preparados, é que sobreviverão. A natureza tem uma hierarquia. Haverá sempre um predador máximo para o qual todos os demais serão transformados em simples caça.

Diante do olhar natural de alguns e de indignação de outros, que questionavam o porquê de tamanha supremacia, o Mestre continuou:
- É este predador supremo que colocará ordem nas coisas. Tudo será feito para ele ou contra ele. Ninguém lhe será indiferente. Tudo girará ao seu redor. Todos irão querer ser iguais a ele. É este desejo dos outros que promoverá a evolução de todos.

Alguns discípulos quiseram saber se o desejo dos mais fracos de ser igual ao mais forte um dia seria alcançado. O mestre foi curto e grosso na resposta:
- Jamais serão!

Então, quiseram saber se os mais fortes sempre vencerão e em quaisquer ocasiões, ao que o Mestre respondeu:
- Não! Em verdade vos digo, haverá tempos em que a ordem natural das coisas será desafiada. Haverá o desequilíbrio. Haverá o caos. Tudo irá parecer confuso.

Foi só o Mestre mencionar as palavras "caos" e "confusão" que a balbúrdia parecia imperar entre os discípulos. Ninguém entendia mais nada. Uma chuva de perguntas pairava no ar. Tinham curiosidades de saber as razões desta inversão, o tempo de duração e as suas consequências. Coube ao Mestre, nova explicação:
- Este período de desequilíbrio é necessário. Acreditem! A sinuosidade dos caminhos do destino serve para ajudar a superar obstáculos. Funciona como um período de recarga. É como se a bateria dos mais fortes estivesse no fim. Ajustes são realizados e um novo ciclo, enfim, pode recomeçar.  Os mais fortes recebem uma "carga extra", se fortalecendo ainda mais e podendo restabelecer o equilíbrio. A evolução pode, deste modo, seguir sua história.

Maravilhados com a força da Natureza, os discípulos quiseram saber como podiam ter certeza de que um ciclo de recarga, de caos, havia terminado.
- Simples - respondeu-lhes o Mestre- Os deuses se encarregão de demostrar, por meio de coincidências, de que a regra natural se restabeleceu,  de que tudo já voltara ao normal. Assim, basta que prestem atenção nos "sinais".

Ao encerrar a conversa, mestre e discípulos não podiam imaginar que do outro lado do mundo, o futebol estaria, justo naquele momento, servindo de exemplo prático para toda teoria do Mestre. Assim, como nos ensinou o mestre em teologia rubro-negra, Arthur Muhlemberg, o Flamengo é o predador máximo do futebol brasileiro. Após sair do purgatório de 2010, o Flamengo está voltando ao seu habitat natural, o de ser o caçador de títulos. Assim, nada melhor do que as coincidências com conquistas anteriores para demonstrar definitivamente que o urubu, tal qual a fênix, está renascendo renovado e ainda mais poderoso.

Bem-vindo 2011!

FLAmém!

PS1: O Flamengo está pronto? Ainda estamos sendo mal-escalados e continuamos repetindo velhos erros, mas este é um artigo para comemoração. Se der, falo sobre os problemas em um outro #post durante a semana. Agora é hora de manter a humildade. Não ganhamos nada e já pagamos verdadeiros king-kongs com pequenos.

PS2: Quer ser um Blogueiro rubro-negro? Tem interesse em escrever sobre o Flamengo? Pois bem, o Futebol 10 está selecionando rubro-negros para falarem sobre nossa maior paixão. Atenção: Não tenho qualquer vínculo com esse blog, estou apenas divulgando a pedidos. Se tiver interesse em participar, fale direte com o @blogfutebol10. Depois, quando o primeiro artigo for ao ar, mande-me o link. Terei maior prazer em ler.

PS3: Taça de Bolinhas? Reconhecimento da CBF ao título da Copa União? Como já disse várias vezes, isto não muda nada. A história já foi escrita e tive a honra de ter sido testemunha ocular da conquista pelo Flamengo do título de Campeão Brasileiro de 1987. É o que vale! O que a CBF diz ou deixa de dizer só a ela diz respeito. Cabe a cada um ficar a favor da Verdade, observada em campo, ou demonstrar ao mundo toda inveja de não fechar com o certo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O TRANSATLÂNTICO RUBRO-NEGRO E A NAU PORTUGUESA

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

Ao passar incólume, após um ano navegando pelas turbulências de um mar completamente revolto, o transatlântico rubro-negro somente demonstrou, mais uma vez, sua força, poderio e grandeza. Felizmente, agora, as águas se acalmaram e a viagem segue com serenidade. Finalmente, os passageiros dão a impressão de estarem se comportando de forma condizente às suas responsabilidades. Passageiros? Sim, a verdadeira tripulação somos nós, que sempre levamos o barco. Os gestores, com seus mandatos, estão apenas de passagem.

Assim, nesta calmaria, vamos seguindo viagem em clima de festa. Até que, de repente, uma embarcação é avistada. Está descontrolada! Parece sem comando! Ao se aproximar, pode-se perceber que se trata de uma caravela portuguesa. Parece transportar cardumes de bacalhau. No descontrole, vários estão saltando de volta ao mar. O navio parece estar sendo abandonado. Passageiros e tripulantes também não se entendem. Está feia a coisa por lá. Enquanto, perigosamente a nau vem em direção ao nosso navio, nossa tripulação, acostumada ao choque contra barcos menores, segue em ritmo de tranquilidade.

O primeiro a pedir a palavra foi o Julio Cesar, direto de sua cabine, batizada com o nome de Tua Glória é Lutar que disse a todos que esse barco basco é fadado ao fracasso. A humildade, para ele, deveria ficar por conta do pessoal da Casa de Máquinas e os que cuidam das armas e munições.
- Em nossa condição de simples tripulantes é permitido avacalhar o adversário.

Gritos comemorativos passaram a ser escutados por todo transatlântico. No entanto, para conter um pouco a euforia antecipada o comandante Felipe Godinho, lá do espaço denominado Magnética RN, falou aos demais tripulantes:
- Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. 

Continuou dizendo que o nosso adversário deve estar esfomeado e as supostas avarias que, por caso fortuito, eles possam provocar em nosso navio certamente lhes devolverão um pouco da paz perdida. Mas, deixou claro sua confiança em nossa tripulação e a transmitiu a todos a certeza de que afundaremos o barco rival.

O final de sua fala voltou a ser motivo de comemoração. Não tem jeito! Nossa tripulação é eternamente otimista. Até nos piores momentos, então porque não seria numa hora como esta?

Foi, então, que a Dani Souto, lá na proa, também chamada de Primeiro Penta, pediu a palavra e disse que já teve, no passado, muito gosto de combater o navio português, mas que agora, diante de tamanha superioridade nossa, não tem mais qualquer graça. Ela não deixou de lembrar que a caravela costumava encher, mas que, a cada ano, mais e mais tripulantes parecem abandonar aquele barco.

E você que também é tripulante, o que acha? Exerceremos nosso favoritismo? Ou manteremos nossa recente sina de sermos dominados pelo oba-oba? Deixe sua opinião, enquanto aguardamos a batalha real, no Oceano conhecido como Engenhão, logo mais às 19:30h.

Vamos Flamengo....
FLAmém!

PS: Novos devotos, vocês que aportaram há pouco por aqui, querem me conhecer mais um pouco? Que tal ler as entrevistas que concedi ao mundo virtual rubro-negro: FLAGRANTES DA NAÇÃO (05/11/10) e MANIAS E NOTÍCIAS (15/01/11)?

sábado, 25 de dezembro de 2010

É NATAL!

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

É Natal!
Tempo de Amor
Tempo de Paz
Tempo de Esperança
Na verdade, de renovarmos as Esperanças.
De curarmos as feridas do ano que está terminando e
Acreditarmos em um novo renascer!

É Natal!
E com ele,
Tempo de Esperança em um mundo melhor,
Mais solidário,
Menos materialista,
Mais justo,
Menos violento...
Que todos se preocupem mais uns com os outros,
Que todos caminhem em uma mesma direção,
Que todos tenham noção do papel que representam
E não busquem apenas a satisfação do próprio ego e
De seus próprios desejos materiais;
Que se persiga mais os objetivos comunitários
Do que aqueles individuais.

É Natal!
É tempo de reconquistar;
De reciclar,
De relembrar,
Das qualidades realçar e
Dos vícios rejeitar;
É tempo de ter humildade para reaprender,
E o curso da história reaver,
Para que a nossa essência seja restituída;
E nossa luz possa, enfim, reacender.

É Natal!
É tempo de perdoar,
Para não ficarmos vivendo no passado!
Mas não, de esquecer;
Para os mesmos erros evitar cometer;
Que o passado nos sirva de lição,
Para garantirmos um futuro melhor,
E com confiança e determinação;
Possamos, a cada dia, o presente viver.

É Natal!
É tempo de salvação,
É tempo de ter fé,
É tempo de aclamar o Rei;
E torcer,
Para que ele possa voltar!

Feliz Natal a todos!

FLAmém!

PS: Achou que fiz um #post sem falar do Flamengo? Então, por favor, releia o artigo pensando no que aconteceu neste ano com nosso time-religião. :)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Procurando Luz em tempos de Trevas

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve FLAleluia!


Eram tempos de dificuldades, onde nada estava parecendo dar certo. Assim, o pastor resolveu buscar inspiração nas montanhas. Foi ao mosteiro para tentar encontrar Luz com ajuda dos Grandes Mestres. Os tempos eram de Trevas!

Durante o trajeto para aquele local ermo, ele se lembrou dos acontecimentos do ano. Todas as previsões  indicavam que o barco rubro-negro navegaria por águas calmas e cristalinas. Porém, ele foi atingido por fortes tormentas. De uma forma que já parecia esquecida em algum canto obscuro de nossa memória. Realmente, estava precisando da paz que certamente encontraria na Terra dos Mestres para saber como deveria proceder dali em diante. Como poderia se livrar de tamanho purgatório?

No fundo, ele sabia quais eram as verdadeiras causas. Todas ligadas aos dirigentes da Igreja. Esta é Santa, mas formada por humanos e, no momento, dirigida pelo que há de pior em seus quadros.

Tudo começou quando venderam o Manto, manchando-o de azul. Blasfêmia! Tão grave que até o dinheiro secou! O desrespeito ao sagrado, causado pela ganância, foi punido.

Depois, a soberba, a vaidade e o orgulho contaminaram o grupo. Egos foram inflados. Passaram por cima do Primeiro dos Mandamentos "Amar ao Flamengo sobre todas as coisas". Pessoas se acharam maiores do que a Santa e Suprema Instituição. Heresia!

Para reverter o quadro, os anjos convenceram o Messias a voltar à Terra Sagrada! Mas, até Ele foi atacado! Atacaram-No tentando atingir Sua imaculada honra.  Os ataques partiram daqueles que sequer eram dignos de limparem Seus sagrados pés. Expulsaram-No! No entanto, o Profeta garante: Ele voltará! Mas, até lá, será que todos nós teremos que pagar pelos pecados de certa meia dúzia que se acha dona do Flamengo?

Ao chegar ao Mosteiro, o pastor encontrou o Silêncio. Tomou banho, foi servido para saciar a fome. Pessoas passavam de lá para cá e vasco-versa!  Porém, nada, absolutamente nada, era dito ou pronunciado. Logo na entrada, havia uma placa com a seguinte frase:
"Só fale se for para melhorar o silêncio".
Não queria quebrar as regras. Esperava alcançar a Inspiração. O tempo passou, enquanto ele humildemente orava e meditava. Chegou até a jejuar. Sentia-se melhor, mais forte! Porém, não encontrava respostas. O desespero era forte, embora seu coração continuasse a lhe dizer que a Salvação poderia tardar, mas não iria falhar. Ela chegaria!

Resolveu, então, consultar um dos discípulos dos Mestres. Perguntou-lhe sobre o porquê do silêncio e este lhe respondeu com um ditado:
 "É preciso cultura para falar em várias línguas e inteligência para se calar em apenas uma" 
Concordava, mas ficaria difícil encontrar um caminho desta forma. Certo parecia estar o irmão Luiz Eduardo, que pregou o Silêncio do alto de sua pastoral Saudações Rubro-Negras. Lembrou-se, ainda, de uma homilia que fez no começo do ano, após a queda no Estadual: Estrambótico! O ano não só havia começado, mas continuava sendo estrambótico. (Nota: Quer saber o que significa? Clique aqui que a citada homilia abrirá em nova janela).

Pensou em tudo, mas nada fazia sentido. Lembrou-se do último culto. Ainda estava incrédulo com os acontecimentos. Tal qual seu pequeno filho, o mais novo, de apenas 6 anos. Ao chegar em casa, o garoto perguntou qual tinha sido o resultado do jogo. Ao saber, não acreditou. Disse que era impossível! Sentiu raiva! Só aceitou quando viu a reprise dos gols. Mas, em sua sábia inocência, exclamou após assistir, quase que entorpecido, os dois primeiros gols:
"Burrão! Que goleiro ruiiiimmm! Por que ele foi sair do gol assim?
Até o pequeno guri sabia que sair do gol daquela forma não fazia qualquer sentido.  Mesmo não sabendo o que dizer ao próprio filho, seria injusto jogar tudo "no Lombo" de um jovem que recebeu uma espinhosa missão, no meio de um grande choque. Por isto, o pastor foi até as montanhas. Se nem se sentia capaz de dar explicações convincentes a uma criança como conseguiria falar com seu rebanho. Oh! Dúvida cruel!

O próprio desempenho, apesar do início animador, sob comando do badalado professor-doutor já estava aquém do alcançado pelo primeiro estagiário (41,67% contra 43,75% do Rogério). Passou, então a transferir sua fé. Acreditou que resultados de outros lhe pudessem ser favoráveis. Mas, infelizmente, nem isto! A coisa estava muito mais preta do que vermelha! A lama estava cada vez mais próxima. Tratava-se de verdadeira areia movediça no caminho da carruagem rubro-negra! Como se livrar dela?

Chegava a hora de ir embora do Retiro. Porém, a dúvida continuava! O que fazer? Antes de partir, foi levado por um dos Mestres para um aposento que nunca tinha entrado antes. Estava escuro! Acendeu uma vela que lhe fora entregue na entrada. No interior, havia muitas imagens e pequenos papéis espalhados. Era uma espécie de santuário. Ajoelhou-se e começou a rezar.  O Mestre o deixou sozinho, mas antes de se retirar falou que era para ele pegar um único pergaminho.

Assim, fez o pastor. Andou um pouco e pegou um dos pequenos papéis espalhados. Qual não foi sua surpresa quando, ao desenrolá-lo, viu que no pergaminho havia a imagem de São Judas Tadeu. Virou e, no verso, estava escrito ao lado de um número:
"Que o Gênesis sirva de inspiração para um recomeço. CRF 115!"
Sorriu ao se lembrar que era aniversário do Flamengo. 115 anos! Mais feliz ainda ficou quando percebeu que as aves foram criadas no quinto dia. Pois, cinco dias após a data natal, os urubus teriam um verdadeiro teste de fogo. Assim agradeceu aos céus, olhou para a imagem de São Judas Tadeu e antes de guardá-la disse:
"Agora é Contigo!"
Palavra da Salvação Rubro-Negra,
FLAmém!

PS: Feliz Dia da Criação a todos. Há 115 anos, os Deuses criavam o mundo em vermelho e preto. Salve o Gênesis rubro-negro!