sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CBF = (C)onfundindo e (B)agunçando o (F)utebol.

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

A CBF, entidade máxima do futebol em um país como o nosso, possui funções que despertam enorme interesse público. No entanto, por ser privada, não precisa seguir as regras estabelecidas para Poderes Públicos. Para mim, esta é a raiz dos problemas e dos escândalos que esta confederação está habitualmente envolvida. Pelo mesmo motivo, sou contra, por exemplo, o fato de clubes de futebol possuírem "donos". Sejam pessoas físicas ou jurídicas, não importa! Há conflito de interesse e uma nociva mistura entre público e privado.

Interesses públicos sendo administrados de forma privada costumam fazer a alegria de muitos nestas bandas tupiniquins. Vejam os casos das ONGs. Mesmo possuindo a denominação de "não-governamentais" dependem exclusiva ou primordialmente de verbas públicas, sobre as quais não precisam prestar rigorosas contas, nem sobre quem contrata como sendo colaborador (as folhas de pagamento destas organizações dizem muito....) . Após inúmeros escândalos, o governo passou a contratar Organizações Sociais. O nome mudou, mas os problemas persistiram.

Sempre apelando para argumentos como "gestão eficiente", "agilidade para tomar decisões e atender às demandas" e outros modismos administrativos, nosso políticos, apoiados, muitas vezes, pela Grande Mídia, tentam nos vender a ideia de uma necessária modernização na Administração Pública, mesmo que às custas da diminuição de controles.

Se já há problemas quando falamos de serviços públicos que deveriam ser da competência do governo, imaginem quando o foco vai para uma entidade particular, que não possui dono e que trabalha em cima da maior paixão dos brasileiros: o futebol! Sem falar nas gestões passadas, na "era" Ricardo Teixeira, a CBF se viu envolvida em denúncias de: nepotismo, distribuição de presentes e agrados a autoridades públicas (inclusive magistrados), celebração de contratos lesivos ao seu patrimônio, contrabando, entre outras.

Dizem que futebol dá votos. É bem provável que dê mesmo. Porém, dando ou não votos, é certo que dá dinheiro. Basta ver a ostentação de riqueza das pessoas envolvidas com o esporte bretão. Impressiona o volume de negócios gerados diretamente ou indiretamente pelo futebol. É aí que voltamos a nos deparar com a confusão entre o público e o privado.

A CBF foi criada em 1979. Porém, mesmo antes, quando todas as modalidades esportivas eram geridas de forma unificada pela extinta CBD, que seus atos são pautados por interesses políticos partidários, suprapartidários ou governamentais. Muitas vezes, por interesses escusos. Nos anos 70, era famoso o refrão "Onde a Arena vai mal, um time no nacional. Onde a Arena vai bem, um time também.". Assim, o campeonato brasileiro teve uma série de formas de disputa, de escolha dos participantes e de regras ao longo dos anos. Mais precisamente desde 1971, quando passou a ser disputado.

A data é importante quando nos deparamos com mais uma confusão criada pela Confederação Brasileira de Futebol, ao "unificar os títulos nacionais", reconhecendo como "campeões nacionais" os vencedores da Taça de Prata (ou Torneio Roberto Gomes Pedrosa) e da Taça Brasil.

Estamos falando de campeonatos disputados entre 1959 e 1970. Por que somente em 2010 a CBF decidiu tomar tal decisão? Não é estranho? Será mera coincidência o fato de estarmos em época de preparação para uma Copa do Mundo? Aliás, preparação esta que está com seus cronogramas bastante atrasados. E sabemos bem qual o significado de prazos não cumpridos para execução de grandes obras. Significa que a obra poderá ser feita sem licitação. Portanto, o administrador, que deveria ser considerado incompetente, recebe o prêmio de poder escolher a empreiteira que fará o serviço e sem precisar se preocupar com o preço. É a festa! Pois, exatamente neste momento em que a festa dos corruptos começará é que o debate chato da fiscalização é transferido para o caloroso papo entre os torcedores para ver qual time possui o maior número de títulos nacionais. Momento bastante apropriado, não?

A imprensa divulgou que o pedido da unificação teria partido de João Havelange, ex-sogro de Ricardo Teixeira e torcedor do Fluminense, que, por ter sido campeão do Robertão em 1970, seria beneficiado, deixando de ser bi pra se tornar tricampeão nacional de futebol. Mas, novamente um fato estranho! Se isto era tão importante para ele, por que, como presidente da CBD em 1971 e criador do campeonato Brasileiro, Havelange não tomou tal medida à época?

Aliás, o próprio processo decisório traz outra indagação. Como um assunto que desperta tanta paixão pode ser decidido pela vontade de um único sujeito? Ricardo Teixeira é, portanto, um verdadeiro monarca absolutista no reino do futebol brasileiro.

Além dessa perguntas, há outras do ponto de vista técnico. O Santos foi campeão da Taça Brasil em 63 e 65 disputando apenas 4 partidas. Como igualar este feito ao do atual campeão onde são disputados por cada time 38 jogos? Se a Taça Brasil disputada num esquema de Copa com os campeões estaduais vale como título nacional, por que o mesmo tratamento não é dado aos campeões da Copa do Brasil? E por aí vai...

Mas, a pergunta principal é: quando cada campeão venceu a Taça Brasil ou a de Prata se sentiu campeão nacional? Provavelmente não! Afinal, não existia tal conceito. Assim, se não se sentiram campeões na época porque seriam agora tantos anos depois? E se os jogadores e torcedores se sentiram campeões nacionais por que precisariam da chancela de um órgão com a credibilidade tão arranhada? O que importa é ser campeão de fato. Se o Direito não acompanha os fatos, azar do Direito!

Os defensores de tal medida apelam para o sentimentalismo e dão o exemplo do Pelé, que finalmente foi reconhecido como maior dos campeões nacionais, justamente ele que nenhum título tinha. Ora, será que ocorreu justiça ou, ao incluir a Taça de Prata na história, o nome do Rei do Futebol não serviu justamente para legitimar a farsa?

Para piorar ainda mais, na mesma ocasião, a CBF resolveu "espetar" um inimigo político, o Flamengo, que cometeu o "crime" de não votar no candidato preferido do Ricardo Teixeira para presidente do Clube dos Treze (o ex-presidente rubro-negro, Kléber Leite). Aliás, como pode ser entendida uma tentativa de interferência  assim numa entidade que negocia diretamente com a própria confederação? Se não entende, pense na Copa no Brasil, nos campeonatos brasileiros, nas propostas agressivas da Rede Record e nos direitos de imagem e saiba que a Rede Globo estava apoiando o mesmo candidato da CBF. Pois, justamente quando diz que todo mundo é campeão nacional, a entidade deixa de reconhecer um título conquistado em campo pelo Flamengo - a Copa União de 87 - ano em que ela se recusou a organizar a competição, alegando prejuízo financeiro. Depois, ao ver o sucesso de um campeonato montado por uma liga dos grandes clubes, muda de ideia e resolve alterar as regras no meio do jogo.

Assim mesmo pouco me lixando para o que diz ou chancela uma entidade com tantos problemas, só me resta parafrasear o saudoso Bussunda:
Ô... Dona CBF, fala sério!

Palavras da Salvação Rubro-Negra
FLAmém!

PS: Texto especialmente escrito para o jornal Montbläat

PS2: FELIZ NATAL a todos!

4 comentários:

  1. Primeiramente um FELIZ NATAL RUBRO NEGRO pra você pastor de fé flamenguista!!!

    Quando a CBF, adorei o trocadilho! *rs*
    Confundindo e Bagunçando o Futebol mesmo!

    Porém, decisões de Justiça jamais terão o poder de retirar conquistas logradas em campo, por mais que se queiram forjar campeões dentro de gabinetes.

    Abraços!

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  2. Pastor, e tem outra coisa: a distribuição de títulos ocorreu também na época que o Ricardo "Baby Sauro" Teixeira foi acusado pelo COI de desvio de US$100 MILHÕES!!! Coincidência, né não??? Flamém...

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  3. Pastor, e tem outra coisa: a distribuição de títulos ocorreu também na época que o Ricardo "Baby Sauro" Teixeira foi acusado pelo COI de desvio de US$100 MILHÕES!!! Coincidência, né não??? Flamém...

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  4. Caro Jeff,

    Li e ouvi muitas coisas sobre esse tema. No trabalho propus uma discussão séria e recebi várias outras informações. Neste caso, vale salientar que a Arco-Íris safada e mal vestida cita as conquistas do Mais Querido para exemplificar algumas situações o que mostra que para eles somos referência, melhor, A REFERÊNCIA.

    Concordo com suas palavras, mas acho que seria justo considerarmos o Robertão e o outro que não lembro o nome exatamente por já serem nos moldes do atual.

    Dessa forma teríamos o palmeiras como mais um Hexa, o flor como tri e o santos seria tetra.

    Quanto ao de 1987, não há o que discutir, é como você disse;

    “Se o Direito não acompanha os fatos, azar do Direito!”

    E para embasar o justo temos esse link, entre milhares de outros que explica muito bem o que houve. As frases finais são muito importantes.

    http://www.youtube.com/watch?v=yRJ2Zo7_akQ

    Mas disso tudo, o que mais me intriga é porque a corja safada de cartolas do Mais Querido não resolveu essa merda antes?

    Com relação ao início de seu texto, é isso mesmo, somos o povo da fila, estamos na fila aguardando nossa vez de se dar bem.

    Forte abraço e um excelente Natal a todos os Flamengos

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Obrigado por dar sua opinião. Nesta Igreja, devoto tem voz, afinal o Flamengo somos nós!