terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A NOITE MÁGICA DO PEQUENO RUBRO-NEGRO

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!


Imagem: Equipe Magia Rubro-Negra
 Finalmente, chegara o sábado tão aguardado. O garoto acordou ansioso. Aliás, há vários dias que ele estava assim agitado. Não era nenhuma disfunção hormonal, característica da puberdade. Tampouco era alguma paixão da adolescência. Neste campo, aliás, não ia lá muito bem - gordo e tímido, não ia tendo muitas chances com as garotas, que só queriam meninos mais velhos.

Era dezembro! Mas, ainda não era Natal. O motivo da agitação não tinha qualquer relação com os presentes que adorava receber. Nem com a ceia compartilhada com família e amigos de seus pais na antevéspera do dia 25. A antecipação era para coincidir com o aniversário de seu pai e possibilitava que a casa ficasse cheia, já que na noite do dia 23 poucos tinham compromissos.

A verdadeira razão daquele nervosismo era o futebol. Estava encantado com seu time. O ano tinha sido esplendoroso. Os últimos dias, então, foram magníficos. No mês anterior, comemorara o título continental. Uma semana antes, seu time tinha se sagrado campeão estadual, em uma competição que tinha devolvido uma goleada histórica para um rival. Aliás, para um time que parecia tão inexpressivo que não entendia a bronca que seu pai tinha com o mesmo. "Como os mais velhos têm medos estranhos", pensava quando escutava histórias de ver seu poderoso esquadrão ser abatido por um rival que parecia tão inofensivo. Ainda não compreendia que a vida era cíclica. Para ele, aquele time pelo qual torcia seria sempre imbatível e os jogadores eternos.

Pois bem, finalmente, tinha chegado aquela manhã do dia 12 de dezembro. Durante o dia, leu várias vezes o jornal. Parecia procurar notícias do que ainda estaria por acontecer. Que aflição! Enquanto a hora não passava, ele ia comentando sobre o esperado jogo com todos com quem se encontrava. Seu pai já começara a beber as cervejas para ficar mais calmo para o jogo. Como o "velho" tinha tido infarto no ano anterior, o garoto costumava controlá-lo. Mas, neste dia, não! Era diferente! Até ele estava com vontade de beber, pena que seu pai não permitia.

A noite, tão aguardada, chegou. Seu pai preparou os morteiros, pendurando-os no muro de plantas que cercava a casa, situada num distrito de uma pequena cidade do estado do Rio. Em breve, haveria festa! Estava convicto! Sua irmã mais nova não aguentou esperar e foi dormir. Sua mãe, que não ligava muito para futebol, desejou boa sorte para eles, poucos minutos antes do jogo começar e também foi se deitar.

O relógio bateu meia-noite. Pela TV, ele via seu Flamengo do outro lado do mundo enfrentando o campeão europeu. Estava ali radiante, numa cumplicidade com o pai e numa admiração pelos ídolos na TV. Com 13 minutos de jogo, já no dia 13 de dezembro, via o centroavante abrir o placar, após um passe mágico do craque do time. Flamengo 1 x 0 Liverpool! Gooooooooooolll de Nunes. Passe do Zico. Os primeiros fogos explodiram no jardim.

Como todos sabem, o primeiro-tempo acabou 3 x 0. O segundo foi só festa. Tudo era motivo para o menino se abraçar ao pai e gritar sozinho, pois seu companheiro de torcida já não tinha mais voz. Fim de jogo e madrugada de festa. Vizinhos começaram a ligar. Alguns davam parabéns. Outros xingavam e tentavam desmerecer um adversário que pouco tempo antes diziam que liquidaria o Flamengo. Ainda tinham os que queriam saber o porquê de tanto barulho naquela até então tranquila vizinhança.

Foi, assim, que há 30 anos comemorei o título de campeão mundial interclubes. Se eu já não acreditava em Papai Noel, passei, naquela madrugada, a ter certeza de uma outra magia: a do Manto Rubro-negro. Ali, o Flamengo deixava de ser um simples clube para mim e se tornava minha própria religião!

Feliz Páscoa rubro-negra a todos!
Que em 2012 o mundo seja novamente colorido em vermelho e preto!

Fique aí com o vídeo oficial dos 30 anos do Mundial


FLAmém!

PS: Escrito para o Magia Rubro-Negra.

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