quarta-feira, 23 de maio de 2012

CLUBE AMADOR, GESTÃO PROFISSIONAL por Walter Monteiro

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!


No artigo que pode representar o encerramento da série de reflexões sobre o Flamengo, o Walter Monteiro nos fala mais sobre a necessidade da gestão de um clube ser profissional. Aproveito para desejar-lhe boa sorte no projeto de transformar o Flamengo no clube de seus sonhos. Será que o sonho que ele apresenta aqui também não seria seu, caro leitor?


Reflexões sobre o Flamengo 
Parte 5
CLUBE AMADOR
GESTÃO PROFISSIONAL


No artigo anterior eu chamara atenção para as desvantagens de se transformar o Flamengo em uma empresa comercial de capital aberto, mas concordava com o conceito de que o rigor exigido para a abertura do capital deveria servir de modelo para a gestão do CRF.

E, de fato, nada impede de que um clube ou qualquer outra entidade sem fins lucrativos empregue em sua administração as boas práticas de governança corporativa.

Aliás, exemplos não faltam. Vamos pegar o caso do Real Madrid. Pode ser que o leitor já tenha ouvido falar no lendário Florentino Perez, que dá entrevistas como presidente do clube e a quem se atribui a fase áurea do time, com a contratação de estrelas “galáticas”, como ele mesmo gosta de dizer.

Mas o fato é que o presidente manda muito pouco no Real Madrid. Para ser mais exato, ele e seus colegas de diretoria (“junta directiva”) sequer são identificados no organograma oficial do clube (clique na figura para ampliá-la):

Não quero insinuar que Florentino Perez seja uma figura decorativa. Mas, como estamos na Espanha e em um clube que homenageia a monarquia, vamos dizer que ele é uma espécie de Rei Juan Carlos. O rei espanhol é formalmente o chefe de estado e representa institucionalmente o país, inclusive cumprindo funções protocolares, como “editar” decretos e leis, mas todo mundo sabe que quem comanda a Espanha é Mariano Rajoy, que nós brasileiros chamamos de “primeiro-ministro”, mas os espanhóis chamam de Presidente del Gobierno.

O que o Real Madrid nos ensina é que a forma moderna de gerir um clube é transformar o presidente em um representante puramente institucional, mas delegar INTEIRAMENTE as decisões cotidianas a um grupo profissionalizado, qualificado e dignamente remunerado. Se alguém duvida que seja assim, recomendo que volte a ler o organograma, que fala por si só.

A pergunta que venho me fazendo há anos é qual a dificuldade de implantar um modelo assim no Flamengo. Há quem diga que o estatuto social não permitiria. Ledo engano: o estatuto, ao contrário, expressamente autoriza que o presidente possa se fazer representar por procuradores.

E, de mais a mais, não seria uma questão formal que atravancaria o progresso. Bastaria encontrar dirigentes que se conformassem com o seu papel puramente institucional e firmassem um pacto de se afastar de vez da gestão do Flamengo, delegando-a aos executivos contratados. Se há quem advogue que se faça isso através de uma S/A, qual o empecilho para agir do mesmo modo na instituição sem fins lucrativos?

O desafio central para os rubro-negros é convencer o quadro social a concordar que a gestão do clube seja comandada EXCLUSIVAMENTE por diretores executivos.

Há muita gente bem intencionada, preparada e até maravilhosamente qualificada que poderia, sim, assumir a direção do clube e, quem sabe, cumprir um mandato promissor. Mas a tendência, infelizmente, não é essa.

A experiência vem mostrando que mais cedo ou mais tarde, o lado torcedor do dirigente acaba falando mais alto e decisões são tomadas com base na impulsividade, na emoção e sem a devida reflexão. Por isso precisamos separar, definitivamente, a gestão e a paixão. Precisamos aposentar o modelo amador e reinventar o Flamengo, a partir de uma gestão profissional.

Eu tenho esse sonho. E vou persegui-lo.

Walter Monteiro
Embaixador Oficial do Flamengo no Rio Grande do Sul, sócio-proprietário do clube (mesmo morando em Porto Alegre) e escreve a coluna Bissexta no Blog Ouro de Tolo.

PS: Quando eu iniciei essa série de artigos, havia planejado escrever uns 15 artigos, tratando de temas variados sobre o futuro do Flamengo. Eu não estava envolvido com a política interna do clube, por isso me sentia à vontade para escrever livremente.

Mas a ótima repercussão desses textos ajudou a agregar mais gente comprometida em torno do mesmo ideal. Daí nasceu o movimento REVOLUÇÃO RUBRO-NEGRA, que pretende se apresentar às eleições em dezembro propondo exatamente isso que acabo de defender, um choque de gestão profissional, um profissionalismo radical.

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