sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Por uma gestão realmente profissional nos clubes de futebol

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

O artigo abaixo foi escrito para um jornal virtual, o Montbläat, editado por Fritz Utzeri. Não é específico sobre o Flamengo, abordando a gestão dos clubes em geral

Segundo estudo elaborado pela Pluri Consultoria, o mercado esportivo brasileiro irá movimentar R$ 67 bilhões em 2012, o que equivale a aproximadamente 1,6% de todo PIB estimado para o Brasil ou ao PIB total de um país como a Sérvia. Vale observar que enquanto o produto interno bruto do país teve crescimento médio de 4,2% nos últimos 5 anos, o setor esportivo cresceu 7,1%. Ou seja, ao menos na esfera esportiva, o Brasil apresenta índices chineses de crescimento e a expectativa é que atinja 2% de todos os bens e serviços produzidos por aqui até 2016.

O futebol sozinho deverá movimentar R$ 36 bilhões, o que significa mais da metade do PIB esportivo brasileiro e a produção total de um Paraguai. No mesmo estudo se verificou que os 40 maiores clubes do país deverão faturar R$ 2,5 bilhões em 2012.

O impressionante é que mesmo trabalhando com volumes financeiros tão elevados, as decisões são pautadas na grande maioria dos casos por diretorias amadoras, eleitas por colégios eleitorais reduzidíssimos se comparados ao universo de pessoas interessadas e/ou afetadas por tais decisões.

Vou usar como parâmetro o meu Flamengo, por ter mais conhecimento da causa. No entanto, o exemplo pode ser replicado para praticamente qualquer outro clube. O Mais Querido completou 100 anos de futebol em 2012, ou melhor, um século de amadorismo no futebol e a gestão como pode ser facilmente constatada pelas manchetes diárias de jornais está cada vez pior. Não adianta trocar um dirigente amador por outro, por mais qualificados, bem intencionados ou dedicados que sejam os interessados. A culpa é do modelo amador, que já teve seu tempo, mas que dá mostras de desgaste.

É comum observarmos pessoas talentosas e bem sucedidas em seus negócios particulares fracassarem terrivelmente quando à frente de um clube de futebol. A resposta parece simples: porque todos administram os clubes movidos por suas paixões e vaidades.

Decisões precisam ser tomadas de forma reflexiva e racional. Nenhum empresário bem sucedido age por impulso ou violenta emoção. Mas no futebol sobram exemplos de demissões abruptas, contratações de impacto, apadrinhamentos de todo gênero.

Quando um fenômeno se repete à exaustão é fácil concluir que a culpa não é das pessoas em si, mas sim das regras pelas quais elas atuam. Qualquer torcedor apaixonado seria capaz de demitir um treinador logo após uma derrota, de fazer valer a sua autoridade para exigir a escalação ou barracão de determinado jogador e de empenhar uma boa soma de dinheiro na compra de uma estrela que renda manchetes.

Um clube de futebol é uma instituição cuja gestão, a priori, requer uma cautela ainda maior do que em uma empresa comum. Como os contratos dos atletas e comissão técnica são muito valiosos e de longo prazo, um equívoco provocará efeitos deletérios por meses ou até anos. A repetição de erros em larga escala corrói o orçamento e gera o desequilíbrio financeiro.

Todos os grandes clubes brasileiros são endividados e deficitários. Mesmo em um cenário econômico que lhes permitiu triplicar ou até quadruplicar a receita que tinham há 5 ou 6 anos, suas dívidas continuam a se expandir.

Ora, um negócio no qual a receita cresce velozmente e que nem assim consegue reverter o quadro de insolvência financeira é a prova irrefutável de que o modelo de gestão fracassou.

O conceito de profissionalismo que os clubes precisam implantar é muito mais amplo do que a nomeação de um gerente ou um diretor de futebol; é muito mais do que pagar a alguém uma quantia para que seja feita em troca de salário alguma coisa que já era feita de graça.

A gestão precisa ser independente de opinião, de pessoas, de modismos e se basear em princípios impessoais, conhecidos como princípios de governança corporativa, que não são negociados e não dependem de circunstância ou tipo de indústria, tais como transparência, meritocracia, lisura, equidade, eficiência e efetividade.

Os clubes brasileiros (uns mais outros menos) precisam reestruturar sua gestão para agirem de acordo com o mesmo padrão de rigor exigido de grandes corporações, que, tal como os clubes, movimentam altos valores financeiros e mexem com a vida de tanta gente.

As conquistas esportivas são fundamentais, mas elas não vêm de medidas imediatistas e impensadas. Vitórias virão em maior número, e de forma mais consistente quanto mais o clube for uma instituição séria, sanada, focada em seus objetivos.

Daqui até os Jogos Olímpicos, passando pela Copa do Mundo, o país estará em evidência e o esporte nacional na vitrine do mundo. Com a crise na Europa, investidores cada vez mais procuram informações sobre negócios envolvendo o esporte brasileiro. Afinal, dos países com maiores PIBs que o nosso, 3 possuem pouca tradição no futebol (EUA, China e Japão). Como o citado estudo da Pluri concluía, não podemos nos contentar em sermos o 7º país em valor de mercado dos Clubes, 6º em Faturamento e 13º em público nos estádios.

Para o futebol brasileiro não só se manter o novo patamar, como planejar vôos mais altos, faz-se necessário a implantação de um choque de gestão profissional nos principais clubes brasileiros.

E o tempo está passando!


 FLAmém!

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