ATÉ LOGO, COMPANHEIRO!

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,

Salve, Salve, FLAleluia!

O Maraca, nossa catedral, fechou para obras. Ficará assim por um bom tempo. Aproveito a importância do momento, para dar, irmãos, um depoimento pessoal sobre o significado do estádio para minha vida.

Não foi o primeiro estádio que conheci, mas, sem dúvida, foi o que mais me cativou. Não poderia ser diferente. O Maracanã é a casa do nosso Flamengo Supremo. Portanto, é a nossa casa! Vinícius de Moraes escreveu, certa vez, que "ser carioca, mais que ter nascido no Rio, é ter aderido à cidade e só se sentir completamente em casa, em meio à sua adorável desorganização". Pois, parafraseando o poeta, digo que ser Flamenguista, mais do que torcer pelo C.R.F. é só se sentir em casa em meio a adorável desorganização do Maracanã. Atenção: não faço qualquer discriminação aos importantes torcedores de outros estados. Somos uma Nação, exatamente porque não temos limites geográficos. Mas, tenho certeza de quem não tem o hábito de ir ao Maraca, sente um pouco de vazio, sente que falta algo para que sua felicidade rubro-negra seja completa.

A magia do Maraca começou para mim, logo no primeiro jogo que compareci. Era válido por um estadual no distante ano de 1978. O Flamengo goleava a Portuguesa da Ilha do Governador por incríveis 9x0 (reveja os gols no vídeo abaixo ou clique aqui para abri-lo em uma nova janela).

A Época de Ouro do Flamengo estava em seu início. Dali em diante, vivi momentos inesquecíveis no, ainda, Maior do Mundo. Títulos memoráveis, vitórias consagradoras, derrotas amargas, empates murchos, gols fantásticos, dribles desconcertantes. Como diria Roberto Carlos: "foram muitas emoções". Lá, já sorri, gargalhei, pulei, comemorei e, claro, chorei. Já sofri apertos fugindo de brigas e, também, passando mal sem ter como ir ao banheiro. Obviamente, já tive dificuldades para entrar ou sair do Templo (incluindo a aquisição de ingressos). Já assisti a jogos em vários setores, mas nada se compara a estar no meio da massa na arquibancada.

Comecei indo com meu saudoso pai. Depois com familiares ou amigos. Morava em Petrópolis e fazíamos caravana para ir ao estádio. Mais tarde, muitas vezes, fui sozinho (aliás, se ninguém quiser encarar, ainda vou, afinal, é o tipo do lugar que não se fica solitário). Já estive lá com namoradas, com minha esposa, mas ainda não levei meus filhos. Há algum tempo, tenho ido com mais três amigos. Um quarteto de sorte!

No Maraca, pude assistir ao Pelé jogando com a camisa do Flamengo, porém ter acompanhado ao vivo praticamente toda a carreira do Zico é minha maior glória. Também, estive presente em jogos de outros times e tive a certeza de que o estádio sem o Mengão perde muito de sua essência. Em relação a muitos momentos marcantes da nossa história recente, eu posso bater no peito e dizer cheio de orgulho: "eu fui!".

Nesses anos todos, já vi o estádio fechar inúmeras vezes e sempre deixou um imenso vazio. Com muita dor, vejo que a cada obra, os principais problemas continuam sem solução e, com os bolsos cheios, os políticos ainda nos arrumam outros, novinhos em folha. Tentam, a cada intervenção, tirar um pouco da alma do estádio, elitizando-o. Mas, o povo dá seu famoso jeitinho e faz o Maraca ter vida novamente. E mais uma vez, assim será! Tudo, agora, atende pela alcunha de "exigência da FIFA". Ora, façam-me rir! Mas, na realidade, quero chorar.

Bem, companheiro Maracanã, você faz parte de minha vida. Não tenho como impedir que te deixem, temporariamente, sem poder assistir ao brilho da Maior Nação do Mundo. Em nome de um pseudo-conforto, garantido por quem talvez nunca tenha assistido a uma única partida em seus domínios, irão tentar te tornar mais frio, com menos calor humano. Mas, tenha certeza de que nós, rubro-negros de coração, estaremos prontos a dar-lhe vida noamente. Você, estádio Mário Filho, é a nossa casa, o nosso templo sagrado, o nosso lar.

Até 2013, Companheiro. Até logo! O tempo passará rápido. Em breve, estaremos juntos novamente.

FLAmém!