Salve, Salve, FLAleluia,
Nestes tempos difíceis, dois irmãos rubro-negros conversavam sobre a forma de encarar suas religiosidades. Um deles, revoltado, estava bastante pessimista. Já o outro, apesar de tudo, mantinha intacto seu otimismo. Aliás, seu otimismo era tamanho que parecia mais um iludido, um alienado. As más línguas chegaram até a dizer que ele era a minha própria representação. Mas, tenham certeza de que são apenas calúnias, mais uma das que estão tentando nos atingir. (rs rs)
O pessimista iniciou o papo xingando cobras e lagartos. Criticou todo mundo. Não limpou a barra de ninguém. Pedia um #ForaGeral! Por outro lado, seu irmão otimista lhe respondia:
- Ano passado na mesma rodada, perdíamos do Cruzeiro com futebol sofrível. Na rodada seguinte, tomamos um vareio do Avaí, treinado, aliás, pelo Silas. Você estava agindo igualzinho está agora. Xingava todo mundo. Chegou a pedir a cabeça do Andrade e a volta do Kléber Leite. Tá lembrado? Da mesma forma, eu lhe pedia calma. Na ocasião tínhamos jogadores machucados e outros ainda sem estrear. Contra o Santo André, na terceira rodada do returno, fui ao jogo sozinho e acompanhei o início da arrancada.
- Lá vem você achando que todo ano será igual. Antes tínhamos time, agora não! Tínhamos o Adriano; agora, contamos com o Val Baiano! Já começo a temer pelo rebaixamento! Sou Flamenguista. Não estou aqui para passar vergonha!
- E em 2007? Esqueceu. O Joel quando estreou quase pediu o boné, porque não estava conseguindo dar um jeito no time. Ficamos alguns jogos sem vencer até que.... arrancamos da Zona de Rebaixamento para a Libertadores.
- Que ridículo! Que trouxa! Você fica aí achando que só porque já aconteceu no passado irá ocorrer novamente. Vai acabar virando botafoguense por viver de passado.
- Ó chororô, aí ó... Quem é que botafoguense aqui?... (ashauashua)
O pai que, até então, só observava, resolve intervir. Não havia criado filhos para se tratarem como botafoguenses. Era humilhação demais para um coração já magoado pela fase do Flamengo. Assim, resolve lhes contar uma fábula. Ele opta pela parábola da "renovação da águia", adorada por muitos autores e palestrantes de auto-ajuda, mesmo sabendo que tal tese carece de comprovação biológica e que os ornitólogos a quem consultou, garantiram-lhe que tudo não passava de uma lenda.
- A ave com maior longevidade é a águia, que chega a viver 70 anos. Mas para chegar a essa idade, aos 40, ela tem que tomar uma séria e difícil decisão... Suas unhas estão compridas e flexíveis. Assim, ela não consegue mais agarrar as presas das quais se alimenta... Seu bico, alongado e pontiagudo, passa a ficar curvo. Apontando contra o peito estão as asas envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas... Voar já é precário e muito difícil!
A história dá certo. Atrai atenção dos filhos. O pai, após pequena pausa, continua:
- Então, a águia só tem duas alternativas: morrer ou enfrentar um dolorido processo de renovação, que irá durar 150 dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo. Após, espera nascer um novo bico com o qual vai retirar suas próprias unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a extirpar as velhas penas. E só, após cinco meses, sai para o famoso vôo de renovação e para viver então mais 30 anos...
Vendo que os filhos estavam prestando atenção, o pai pergunta:
- O que ocorreria se, aos 40, ela ficasse reclamando de dores e de não conseguir mais comer? - antes que o otimista pudesse rir, o pai segue indagando - E, ao contrário, se o animal ficasse achando que tudo seria resolvido somente porque, no passado, já tinha dado provas de que era capaz de superar vários obstáculos? Sim, em ambos os casos, o resultado seria o mesmo: a morte!
- Está certo, mas na primeira hipótese, a de ficar reclamando, só se prolongou o sofrimento. Ou seja, a águia reclamona sofreu ainda mais - ressalta o irmão otimista.
- Você não deixa de ter razão. - pondera o pai - mas, lembro que, em ambos os casos, a águia morre!
- Mas, é exatamente isto que estou pedindo. - fala o irmão pessimista - Temos que cortar da própria carne. #ForaValBaino #ForaTimeTodo #ForaPatrícia #ForaTodoMundo!!!!
- Filho, este corte quem tem que fazer é a diretoria. Aliás, é para isto que o Zico está lá.
- Mas, o que está sendo feito até agora? Estamos sendo humilhados sem ter nada em troca. Por que teríamos que ficar apáticos? - responde o filho revoltado
- Não é para ficar apático. Assim, a águia ou, se preferir, o urubu também morreriam no final. Lembra-se? Mas, para que o Flamengo continue sendo vencedor é preciso mudar a política suicida que vinha nos dominando. É preciso construir um CT para que os jogadores tenham condições dignas para exercer suas profissões. O mesmo deve ocorrer com os profissionais da imprensa que cobrem o clube. Não é possível não poder treinar em período integral porque o clube não dispõe de refeitório decente. Os salários não podem ser pagos 30, 60 dias depois. E o que não dizer das categorias de base? Os jogadores eram conduzidos aos profissionais com o clube tendo pouquíssima participação em seus direitos econômicos. Assim, o clube ficava refém de empresários. Craques o Flamengo tem que voltar a fazer em casa.... e mantê-los! Zico está combatendo as vantagens desses empresários e de parte da imprensa que vivia de informações privilegiadas. Portanto, muitos interesses estão sendo contrariados. Muita gente perde dinheiro e poder. Há, ainda, sanguessugas que vivem no clube e se sustentam à base dos restos dessa gente que citei. É essa a auto-mutilação necessária.
- Mas, precisamos ser rebaixados para isso? Não poderia ter trazido um bom jogador, como o Montillo, ao invés de tantos pernas-de-pau? - pergunta o filho pessimista, ainda sem se convencer.
- Quem disse que seremos rebaixados? Vamos dar nova arrancada. Deixe o pessoal entrar em forma - Fala o otimista!
- Não há garantia de arrancada. A situação realmente está difícil - diz o pai - A maratona de jogos com um treinador inexperiente que mostrou que ainda não conhece bem o grupo e o fato de não jogarmos mais em nossa casa é bastante preocupante.
Virando-se, agora, para o pessimista, o pai continua a explanação:
- Você critica as contratações. Eu, também, não gostei de alguns nomes. Mas, lembro, que Renato Abreu foi comemorado por muitos que estão aí acompanhando seus gritos de #ForaCanelada! Lembra-se que quando Autuori treinou o Flamengo, ele pediu ao Kléber um time inteiro? Foi atendido. Só craques. Mas, e daí? Tem saudades dos títulos que não ganhamos naquela época? Ano passado, Pet e Adriano eram apostas. Deram certo! Que bom! Mas, o que jogaram neste ano prova que poderia ter dado errado também. E aí? Será mesmo que as diretorias anteriores sabiam contratar melhor? Ou sempre tivemos o mesmo problema? Não vou nem ficar lembrando contratações como Dimba, Negreiros, Irineu, Dill e outras para não chorar!
Após pequena pausa para reflexão dos garotos, o pai continuou:
- O título do ano passado não pode servir de parâmetro ou justificativa de que antes as coisas eram melhores. Se realmente fossem, não teríamos ficado 17 anos na fila. Mas, não será em poucos dias ou meses que Zico resolverá todos os problemas. É preciso darmos apoio! Aliás, neste ponto, que tendo a acreditar que o título pode ter atrapalhado. Fica servindo de justificativa a oportunistas, que vendem a ideia de que as coisas eram melhores. Não, definitivamente não eram! Este é o nosso dilema! Estamos imprensados entre um passado glorioso e um futuro promissor.
- E qual o caminho? - perguntam os filhos em tom uníssono
- A meu ver, precisamos viver o presente. Deixar um pouco de lado o passado. Não ficar comparando ou achando que tudo se repetirá. Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz. Precisamos fazer o que está ao nosso alcance. Ou seja, torcer e cobrar. Cobrar não significa ligar a metralhadora giratória e sair dando munição a quem quer continuar se aproveitando do Flamengo. É preciso agir com inteligência. É o tradicional grito de "queremos garra", por exemplo. Como dizem: "é onde a atenção está que a energia flui e o resultado aparece". Temos que subir degrau a degrau. Dar um passo de cada vez. Glória em glória. Sucesso em Sucesso. O primeiro passo é concentrarmos todos nossos esforços e orações para sair um mísero gol! Com ele, torceremos pela vitória. Depois, por uma sequência de vitórias. Aí, sim, pensaremos na classificação. Primeiro em nos afastarmos dos últimos lugares, depois... só aguardando para ver aonde poderemos chegar! Enquanto isto, oremos:
FLAmém
sempre com sábias palavras nas horas certas...
ResponderExcluiro momento do verdadeiro rubro negro é esse, estamos passando por testes para mais tarde sabermos se era isso mesmo que desejávamos para nossas vidas.
a minha decisão foi tomada definitivamente depois daquele elástico do romário no amaral, ou talvez depois daquele 4 a 1 no real madrid, ou até naquele 3 a 0 no olaria com 3 gols do romário (minha primeira vez no maraca). Sei que sou rubro negro forte e persistente, e que já passei por testes mais pesados que esse para prosseguir com a minha paixão enlouquecida por este time.
fui flamenguista vendo um time centenário disputar rebaixamento com seleção de craques, fui também quando perdemos para o bacalhausinho por 5 a 1 na final do carioca, fui na época do Edmundo Santos Silva, fui em 2003, 2003... Nada disso qe acontece agora me abala.
mas agora, como todo professor do coleginho ensinava, existe a seleção natural, as coisas começam a complicar porém só os fortes sobrevivem, estamos passando por isso mais uma vez e eu me garanto...
Palavra da salvação, Glória a Zico
SRN
Pastor, o que mais me irrita e q vc descreveu bem é que com o título do ano passado, as pessoas esqueceram do passado. Parece q as administrações anteriores sempre foram excelentes e exemplares. Parece que esqueceram nossos protestos contra Kleber Leite, Marcio Braga, etc, parece q esqueceram os anos de luta contra o rebaixamento e os 17 anos sem Brasileiro. PArece que o Hexa passou uma borracha em todos os anos de descaso.
ResponderExcluirSRN