sexta-feira, 1 de abril de 2011

A TORCIDA, OS PROTESTOS E O DILEMA TOSTINES

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!

Desde a rescisão do contrato do Adriano com a Roma que a Nação se dividiu. Primeiro em relação à contratação do Imperador; em seguida, no movimento #ForaLuxa e, mais recentemente, em um debate sobre o próprio papel de um torcedor, sobre a maneira que este deve se comportar.

De um lado, a liberdade de expressão e o direito de vaiar e protestar quando bem entender; de outro a visão da supremacia do amor, de apoio quase que incondicional ao clube que amamos, estendendo as mãos para ajudar ao time amado sempre que necessário, deixando eventuais cobranças para momentos apropriados. Há bons argumentos por parte de ambas as correntes.

Não há definição do que seja certo ou errado em matéria de torcer ou de amar. É um ato voluntário! Portanto, individual! Cada um deve se comportar da maneira que acredita que irá ajudar mais ao time de seu coração. Obviamente sem violências e respeitando limites de convivência social. Porém, cabem algumas considerações sobre o assunto, especialmente no momento atual.



Estamos diante do Dilema Tostines (quem não se lembrar da propaganda, basta ver o vídeo acima). O Flamengo corresponde em campo quando a torcida apóia ou a torcida apóia quando o Flamengo corresponde em campo. O que vem primeiro?

O fato é que a Maior Torcida do Mundo realmente faz a diferença! Sempre! Para o bem ou para o mal! Quantas vezes equipes modestas vestidas com o manto não obtiveram conquistas memoráveis carregadas que foram nos braços pela Magnética. Por outro lado, por causa da impaciência da Nação Rubro-Negra, quantas jovens revelações da base não vingaram e quantos times do Flamengo que, mesmo parecendo promissores, não deram resultado. A mesma torcida que empurra, também pressiona para baixo.

Isto é natural! Afinal, o Flamengo é gigante por causa da nossa fé. O Flamengo somos nós! O que não quer dizer que devemos fechar os olhos para coisas erradas que, porventura, ocorram no clube. Não podemos aceitar qualquer coisa. Somos impacientes porque queremos vencer sempre. Por isto, somos Flamengo. Quem veste o manto deve honrá-lo e estar preparado para a pressão que é jogar em time de massa.


Mas será que é isto que esteja ocorrendo agora e desencadeando os atuais protestos e reclamações? É comum ler e ouvir críticas de que o time não está jogando bem, não tem padrão tático e só estamos invictos pela fragilidade de nossos adversários. Não discordo, mas será que é esta a Verdade? Será a qualidade do futebol jogado pelo Flamengo o motivo real da tempestade que andam fazendo por aí?

Os adversários que enfrentamos no Carioca não são os mesmos dos outros times? Só nós estamos invictos. Não há qualquer mérito nisto? Ah! O único clássico que vencemos foi o Vasco com problemas com o técnico. Ok! E quem jogou bem algum outro clássico? Certo, o Vasco contra o Botafogo, que, por coincidência, estava com problemas com o técnico Também já ouvi desmerecerem a nossa vitória contra o Boavista na final. Lembro que fomos o único grande a vencê-los e o fizemos por duas vezes. E na Copa do Brasil? Alguém realmente acha que enfrentamos times mais fracos do que os outros grandes? Não temos nenhum mérito em termos passado com facilidade e vários se complicarem? 

Não estaríamos assim sendo impacientes em demasia? Lembro que a temporada teve início há apenas dois meses. Todos ainda estão sendo arrumados. Qual time que já tem padrão atualmente? O Cruzeiro? Tudo bem! Vou esquecer que é dirigido pelo Cuca-não-ganha-nada! Será que o campeonato mineiro é melhor parâmetro do que o Carioca? Ah! Ele está goleando na Libertadores. Verdade! Sei que o Tolima vence o Cortinthians, mas alguém poderia me garantir que ele ou o Guarani do Paraguai venceriam o Boavista ou o Olaria?  Além disto, quantas vezes não vimos o time que começa melhor e encanta a imprensa ainda no primeiro trimestre não chegar a lugar algum. Ainda é muito cedo para análises deste tipo.
Mesmo achando que nosso treinador tem inventado em demasia, não seria o momento apropriado de se fazer experiências? Será que achar um padrão tático no começo de temporada é mais importante do que encontrar alternativas que poderão ser utilizadas em competições mais longas. Não é importante testarmos jogadores em várias posições para sabermos realmente quais carências temos no elenco?

O bom é que, ao contrário dos outros, nós podemos errar, pois já estamos na final. Trocar o técnico agora faria o time realizar ainda mais testes para o novo treinador encontrar a equipe ideal. Solução ou apenas adiamento de problemas? Não estaríamos, com isto, abrindo mão definitivamente das competições do primeiro semestre? Vale a pena?

O problema, então, seria o excesso de poder na mão do técnico? Erro dele ou de quem delegou? E qual opção teríamos para tirar o poder dele? Dar a quem? Ao Super-Helinho ou o Braz?

Além disto, qual a real diferença entre o time exaltado por estar sem freio na Taça Guanabara e o atual? Pioramos? Antes havia padrão e agora não tem mais? Ora, pessoal, as únicas mudanças foram o comportamento da torcida (que como vimos faz toda a diferença) e a não contratação do Adriano, que já é jogador do Corinthians. Logo, feliz ou infelizmente, o Impera não virá mais! Ponto final! Se esta foi a única mudança porque a torcida passou dos incentivos para as vaias? Por vingança contra alguém que foi eleito culpado pela não vinda do Adriano? Pessoal, a Patricia já deu declarações de que não também queria o Imperador. Só que ficou escondida tal qual fez no episódio Zico. (@papo_de_cozinha desculpe mais tive que novamente colocar os dois nomes no mesmo parágrafo) Culpa do mordomo? Assim, o que realmente explica tirarmos a principal força do time, que é o nosso apoio!

Estamos na terceira fase da Copa do Brasil e há apenas um ponto da liderança do grupo na Taça Rio. Se trocar de técnico poderá significa abrir mão das duas competições, que tal darmos uma trégua?  Se o Flamengo não ganhar o carioca e for eliminado prematuramente na Copa do Brasil não acham que o Luxa irá cair? Para que entregarmos as competições de bandeja aos outros?

Voltando ao nosso Dilema Tostines, o ideal, em minha humilde opinião, é primeiro a torcida deixar o time ter paz. Nem é preciso apoiar. Basta não tumultuar! Se a equipe corresponder em campo, a grande massa vem atrás empurrando e aí o Flamengo torna-se mais Flamengo do que nunca. As arrancadas nos Brasileiros de 2007 e 2009 estão aí para provarem isto. A torcida que andava vaiando (em 2007, Joel ameaçou pedir o boné, inclusive) deu uma trégua. Aos poucos os times se acertaram e foram endeusados.

Não vamos matar um projeto sem ao menos lhe darmos o tempo necessário para que seja testado.

FLAmém!

4 comentários:

  1. "A mesma torcida que empurra, também pressiona para baixo."
    Excelente, pastor! Adorei essa história de dilema tostines!
    SRN!

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  2. Jeff,

    Como sempre um excelente texto.

    Não tenho nenhuma restrição a liberdade de expressão, se bem que muitos deveriam ter a boca costurada (vide um de nossos parlamentares em recente declaração), o que me preocupa é o momento em que as palavras são proferidas. Me assusta o comportamento consequente de protestos.

    Fica a pergunta: “A inteligência não anda de mãos dadas com o amor?”

    Valeu a moral.

    Saudações.

    @Papo_de_Cozinha

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  3. Concordo com o texto e acho que o imediatismo da torcida atrapalha.
    Bem lembrado que o time de 2009 começou desacreditado e foi crescendo até se tornar campeão.
    Está faltando bom senso para alguns torcedores.

    #SRN
    @nilzabernadelli

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  4. Temos que ter em mente: é o trabalho deles. A torcida é o patrão (sim!). Se o patrão força demais, assume o risco de perturbar o psícologico e perder qualidade de seu funcionário...

    Não podemos deixar de refletir o clube. Cobrar os esportistas, treinadores e dirigentes... mas tem limites. Depredar, nunca. Difamar? Não.

    Apoiar.

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Obrigado por dar sua opinião. Nesta Igreja, devoto tem voz, afinal o Flamengo somos nós!