Salve, Salve, FLAleluia!
"O número de dias de jejum e abstinência a que se sujeitavam anualmente os portugueses era considerável, não se limitando ao período da Quaresma, a época do ano em que o bacalhau era "rei" à mesa. Segundo Carlos Veloso, durante mais de um terço do ano não se podia comer carne. Assim era na "Quarta-Feira de Cinzas e todas as Sextas e Sábados da Quaresma, nas Quartas, Sextas e Sábados das Têmperas, (n)as vésperas do Pentecostes, da Assunção, de Todos-os-Santos e do dia de Natal e ainda nos dias de simples abstinência, ou seja, todas as Sextas-Feiras do ano não coincidentes com dias enumerados para as solenidades, os restantes dias da Quaresma, a Circuncisão, a Imaculada Conceição, a Bem-Aventurada Virgem Maria e os Santos Apóstolos Pedro e Paulo."
O trecho acima foi retirado do Livro "O Bacalhau na vida e na cultura dos portugueses" de Marília Abel e Carlos Consiglieri. Com o tempo, nós brasileiros flexibilizamos esse costume católico importado de nossos colonizadores. Porém, em duas datas especiais, a Igreja Católica continua recomendando a abstinência da carne vermelha: no início e no final da quaresma, ou na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira da Paixão.
Já para a Igreja Flamenga, o bacalhau é o principal alimento para o espírito rubro-negro. É a carniça mais suculenta que se pode oferecer ao Urubu. Ao saborear um bacalhau, especialmente em momento decisivos, os devotos do Manto Sagrado se fortalecem e entram em contanto direto com os Deuses Rubro-Negros. É um momento especial de glória!
Para se preparar um delicioso bacalhau, a receita é a mais simples possível. Primeiro, oferecemos pequenas sardinhas para engorda do nosso pescado predileto. Ao comê-las, às vezes até com facilidade, o pobre bacalhau tem o ego inflado e imagina que poderá até voar para enfrentar uma ave de rapina. Santa tolice! Nada que ele tenha enfrentado antes pode lhe causar tanto terror quanto um urubu.
Após o desvaneio inicial, já com o bacalhau rechonchudo pelo próprio ego, iniciamos o momento de terror lembrando aos adoradores da feiona camisa da cruz de cemitério nossa ampla superioridade. É o momento de colocar o bacalhau em banho-maria, para que já comecem a imaginar a pressão que está por vir.
Com o desespero tomando conta do bacalhau, o peixe está pronto para ser servido ao Urubu. Mas, para que o banquete seja completo, é preciso encher de fiéis devotos rubro-negros o templo onde acontecerá a oferenda portuguesa.
Depois é só deixar que tudo acontecerá naturalmente. O resultado final é o que todos já sabemos por antecipação. Os viceínos enrolarão suas bandeiras e sairão cabisbaixos, após terem sambado, pois para o bacalhau tudo acaba na Quarta-feira de Cinzas.
FLAmém!
0 Comentário(s). Clique aqui para deixar o seu:
Postar um comentário
Obrigado por dar sua opinião. Nesta Igreja, devoto tem voz, afinal o Flamengo somos nós!