quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

2011: UMA RELEITURA EM PRETO E VERMELHO

Caríssimos irmãos de fé rubro-negra,
Salve, Salve, FLAleluia!
 

A charge do companheiro de Magia, André Costa, diz tudo. Sofremos muito em 2010 e o destino nos manteve com a chance de sonhar alto em 2011. Será que poderíamos ter esperanças? Pois, o ano não poderia ter começado mais promissor. Reforços começaram a ser anunciados. Como todo bom time começa por um grande goleiro, Luxemburgo bancou a contratação do Paredão Felipe e, logo no primeiro dia útil do ano, eu postava uma oração para termos Ronaldinho Gaúcho, cuja contratação foi a novela de maior audiência em janeiro.
  

No dia 12 de janeiro, o craque foi recebido com festa na Gávea. O impacto de sua contratação pode ser lido nas sempre equilibradas palavras de André Monnerat no Sobre: Flamengo:
"A exposição extra gerada por sua presença tem tudo para aumentar receitas diversas do Flamengo, de modo considerável, e dar impulso a diversos projetos. Será que finalmente o novo Cidadão Rubro-Negro sai do papel? Seria pedir demais que tentassem usar o momento para atrair novos sócios? Alô, marketing: a hora é agora!"

Porém, ele também alertava sobre o outro lado da moeda:
"São inúmeros os comentários que se espalham pelo país de que Ronaldinho escolheu o Flamengo 'pra aproveitar o Rio'. A imagem do clube, de passar a mão na cabeça de seus jogadores nos momentos de faltas e indisciplinas, teria pesado. Esta a imagem que o clube tem hoje – que causa prejuízos diversos na hora de negociar contratos com patrocinadores, fornecedores e até mesmo atletas e outros profissionais do futebol. Pela maneira com que tratou o Grêmio, ele não parece estar ligando muito em preservar uma boa imagem não".


O ano realmente começava agitado, o que aumentava a esperança da torcida em um 2011 totalmente rubro-negro. Ainda em janeiro, já gritávamos "É Campeão!". Os autores da façanha foram os garotos da base que venceram a Copinha São Paulo. A conquista foi assim narrada por Zeca Urubu Rei em sua coluna no Blog das Torcidas.
"Que jogo! Flamengo foi na raça e no talento, o Bahia na força e obediência tática. Uma final de entrega, vontade e de jogo ofensivo, das duas equipes. O Bahia só valorizou o título rubro-negro. Flamengo tem talentos incríveis, como: o goleiro César, o zagueiro Frauches, os laterais gêmeos Alex e Anderson, os volantes Muralha e Lorran, os meias Adryan e Negueba, e os atacantes Rafinha e Lucas, sem contarmos os reservas, Thomás, Mattheus, Pedrinho, Maycon, Vitor Hugo e outros. Flamengo é campeão invicto da Copa São Paulo de Futebol Júnior 2011. Após um 2010 tenebroso, nós começamos bem este, o que nos faz sonhar em vôos mais altos."


Em fevereiro, voltamos a gritar "É Campeão!".  Pela 19ª vez, a Taça Guanabara era nossa. Time e torcida comemoraram ao som do "Bonde do Mengão Sem Freio", muito bem retratado na imagem do @FábioSRN no blog SouRubroNegro, em uma partida difícil contra o pequeno Boavista, conforme escreveu Dani Souto no Primeiro Penta:
"Ele fez o que se esperava dele. Com um gol de falta, Ronaldinho Gaucho, o craque que o Flamengo contratou para brilhar, deu o título da Taça Guanabara e fez a alegria da galera no Engenhão. Embora o time de oftalmologista não tenha ameaçado o gol do Felipe, o jogo não foi fácil. E o fato do gol da vitória ter saído aos 26 minutos do segundo tempo, comprova isso."


Tudo ia muito bem! O time podia não convencer, mas vencia. Porém, o Flamengo não é o Flamengo se não produzir uma crise. Coube à torcida se encarregar de levar ao clube os primeiros tumultos do ano. Em um fato que seria comum ao longo de todo o resto de 2011, torcedores se dividiram nas redes sociais. Dessa vez, foi por causa do retorno do Adriano, recém-desligado do Roma. No FlaManolos, Fabiano Lenda argumentava a favor da vinda do Imperador:
"Geralmente as pessoas usam como primeiro argumento o fato dos problemas extra-campo do Imperador atrapalharem o bom ambiente do grupo. Pera lá! Adriano tem o carinho de 10 entre 10 jogadores do Flamengo e sempre foi um cara bom de grupo, não só no Flamengo, mas também na seleção brasileira. Lembrando que, em 2009, quando o Adriano voltou para o Flamengo, ele estava em um momento muito mais delicado, onde ele tinha "encerrado a sua carreira", nosso grupo estava totalmente rachado, perdendo muitos jogos e jogadores fazendo corpo mole para derrubar o técnico Cuca. Lembro também, que no mesmo ano, o Flamengo vivia sendo alvo de noticias de brigas de jogadores com o Cuca e sua comissão. Adriano chegou no meio disso, o técnico finalmente saiu, Andrade assumiu e o grupo voltou a se unir rumo ao título. Aliás, em outro momento difícil de 2009, com o próprio Andrade, onde perdíamos de goleada até para times como Avaí, Adriano, junto com outros líderes, reuniu o grupo todo na ausência do Andrade e sua comissão técnica para que houvesse uma união entre eles e jogarem pelo Andrade para irem juntos rumo ao título. Isso ninguém lembra, né?! "

Por sua vez, meu companheiro do Saudações Rubro-Negras, Julio Cesar Benck, mostrava-se contrário a esta recontratação:
"Adriano manchou sua reputação de forma quase irreversível. Jogou por água abaixo toda a imagem vencedora construída no hexa, e, de quebra, levou junto uma pá de jogadores que vinham bem, como Alvaro, Bruno e outros. Adriano é irresponsável e pedante. É jogador diferenciado, sim, claro, disso ninguém mais duvida, mas seu talento anda junto com seu temperamento instável e egoísta. Não preciso nem lembrar que quando ele saiu a conversinha foi a mesma, a de “voltar a ser feliz” só que pra surpresa de todos, longe do Flamengo. Nos deixou na mão e, de quebra, com passagens vexaminosas pela Polícia e em meio a um detestável tititi com a sua ex-namorada. Foi buscar a felicidade na Itália, e a derrocada técnica e moral prosseguiu. Não fez nenhum gol pelo Roma (não em jogo valendo), mostrou-se novamente indisciplinado e rebelde, e saiu pela porta dos fundos."


Imagem de FabioSRN (www.SouRubroNegro.com.br)
 Em meio a dúvidas se os resultados que vinham sendo alcançados tinham consistência ou se representavam um "me engana que eu gosto", o Flamengo chegou ao título estadual. Ser campeão carioca é algo quase rotineiro para nosso time, porém de forma antecipada e, principalmente, invicta não é tão comum assim. No Magia, Vivi Mariano declamou poeticamente nossa conquista da seguinte forma, já de olho em outro campeonato:
"Mais um Fla x Vas. Mais um título. E uma única certeza: o Flamengo é o princípio, o fim e o meio. E assim caminha a humanidade: aF e dF. Antes do Flamengo e Depois do Flamengo. Flamengo é o bonde sem freio, invicto, vencedor INCONTESTÁVEL de dois turnos, a defesa - pasmem vocês - menos vazada, a equipe que esculachou em duas disputas finais de pênaltis. Flamengo é a nação que LOTA o Engenhão. Que faz a festa na medonha arquibancanda do estádio olímpico. O motivo? O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É isso. Não sou eu que vivo, não é mesmo? O Flamengo que está em mim. No grito de gol, no abraço desconhecido dado na arquibancada, na explosão de "é campeão" após a última e decisiva batida de pênalti. Conquistamos o Estado. Agora, precisamos conquistar o Brasil. Incrível, mas acabo de ganhar um título e já estou focada em outro. E outro, e outro e mais outro. "Porque é que tem que ser assim? Se o meu desejo não tem fim. Eu te quero a todo instante. Nem mil auto-falantes...vão poder falar por mim..." Isso é Flamengo: o princípio, o fim e o meio."

Mas, na Copa do Brasil decepcionamos diante da Carroça do Ceará. Perdemos a classificação no primeiro jogo, em casa, numa tormenta que nos acompanharia em outros momentos do ano. Perdemos nossa invencibilidade no jogo onde menos esperávamos que isto acontecesse. Ainda houve quem tenha mantido o otimismo diante do inesperado tropeço. Gabriel Oliveira foi um destes lá no UrubuMundi, demonstrando uma confiança inabalada:
"Saiu o peso da invencibilidade. Estamos libertos do pesado sentimento de ser invencível. Quando se é invencível, sentimos o medo, de perder e ser batido. Tudo voltou ao normal aos ares rubro negros, acabou a invencibilidade, também acabou as vertentes que ela causa: Confiança, sapato alto, otimismo, oba-oba...Enfim, com tudo normalizado, vamos ao que interessa, faltam 6 jogos para a libertadores"

Porém, a vaga na libertadores não viria pelo caminho da Copa do Brasil. Não conseguimos vencer o Ceará e fomos desclassificados da competição, abrindo caminho para a vitória viceína. Renato Croce, assim, narrou o fim de nossa epopeia na competição lá no FlaManolos:
"Como analisar um time que é campeão invicto jogando mal, mas perde e é eliminado quando faz suas melhores partidas no ano? Não existe como descrever os sabores de ser rubro-negro. Lindo demais ver o Mengo jogar aqueles 30 minutos iniciais. Foi digno de receber aplausos de 40 milhões de rubro-negros e, no mínimo, mais a metade dos antis. Mas depois dos 2 gols, muitas finalizações, organização e marcação pesada pra cima deles, paramos em um dos nossos maiores problemas: a bola aérea. Na hora a gente reclama do juiz e ofende até a sexta geração da família do desgraçado, mas não podemos chorar, e muito menos em cima disso. Pecamos mais uma vez, assim como no Engenhão e, exatamente, há um ano atrás no Maracanã. Lembram como ocorreram aqueles 3 gols da U. do Chile? Pois é, meus amigos. Com a ajuda da nossa defesa, que precisa se reforçar urgentemente, complicamos um jogo que estava bem encaminhado."


O Brasileirão começava enquanto a torcida nas redes sociais não se entendia nos diagnósticos em relação ao time. De um lado, muito mimimi e de outro, a defesa de resultados conquistados sem convencimento. Os jogos contra o Ceará, onde os resultados não foram bons, incrivelmente é que davam maiores esperanças do que a série de empates que tivemos no estadual. Nossa estreia no Brasileirão foi com o pé direito, conforme narrou "o patrão" do Saudações Rubro-Negras. Conta aí, Luís Eduardo:
"Impossível melhor começo de Brasileirão para o Flamengo. Li até que é nossa melhor estreia desde 77, vejam só. Mal o campeonato começou e já somos líderes. 4 a zero para deixar os torcedores derrotistas sem palavras, e por outro lado para que os adeptos do “bonde sem freio” voltem com força total."


 
Depois da vitória na estreia, os 4 jogos seguintes já indicavam que seríamos o Rei dos Empates no campeonato, problema fatal num torneio por pontos corridos. No meio desta série, tivemos a despedida do Pet no jogo contra o Corinthians. Quem nos narra é Luã Milanês, no FlaManolos:
"Escrevo isso com lágrimas nos olhos, lágrimas de alegria e tristeza. Alegria por ter visto esse gênio jogar, tristeza por nunca mais vê-lo em campo. Agradecerei sempre ao Pet por me dar um pouco da infância do meu pai, esperando o domingo pra ver o Zico jogar. Eu vi o Pet, eu vi o Pet... Ah, teve jogo também. Flamengo e Corinthians ficaram no 1 x 1Enquanto esteve em campo, Pet fez uma boa partida. Mesmo sem ritmo mostrou a assombrosa categoria em alguns lances e ainda participou do gol, ficou posicionado para bater a falta, deixando o Júlio Cesar na dúvida. Renato foi esperto e fez um golaço. Quis o destino que o gol não fosse dele, não esse, mas fez 57 em 198 jogos. Foi substituído no intervalo, onde fez uma volta olímpica sendo saudado pela Nação. Ali, os últimos momentos do Eterno Pet com o Manto Sagrado."


Depois da série de empates, tivemos nosso melhor momento no Brasileirão. Em 10 jogos, oito vitórias e dois empates. O início desta fase foi contada no portal DNA Rubro-Negro pelo TozzaFla. Vamos relembrar sua análise tática de nossa virada sobre o Atlético-MG, numa forma até de matar saudades, já que o autor, por motivos pessoais, abandonou suas atividades blogueiras:
"No jogo contra o Atlético Mineiro realizado dia 25 de junho de 2011, Luxemburgo resolveu mudar o esquema tático do time. Saindo do 4-5-1 para o 3-6-1 com menos de 3 treinos. Saíram Williams e Botinelli, suspensos, entraram Angelim e Luiz Antônio. Luxa colocou Angelim como 3º zagueiro e Luiz Antônio como 1º volante. O primeiro tempo acabou sem muitas chances para os dois lados. Segundo tempo começa sem alterações e nada parecia mudar. Flamengo parecia atacar mais, mas sem muita organização. Atlético oferecia pouco perigo até que uma falta boba acabou acarretando o 1º gol da partida. Bola na área e Dudu Cearense desvia de cabeça sem chances para Felipe. A partir daí veio a mudança que foi chave para a virada e a vitória por goleada do Mengão. Luxa mexeu no esquema, desfez o 3-6-1 e colocou o 4-4-2 pra jogo. Sacou David Braz colocando Negueba no lugar dele e depois colocou Deivid no lugar do nulo Wanderley. Com esse esquema, R10 jogou efetivamente no meio campo com Thiago Neves mais a esquerda, no ataque ficaram Negueba pela direita e Deivid mais enfiado."

Imagem de Jefferson Freire no Saudações Rubro-Negras

O debate sobre a posição ideal para o Ronaldinho seguiu até o final da temporada e nem o treinador parece ter se convencido de qual seria a melhor. No meio da série iniciada com a vitória sobre o Galo tivemos o antológico jogo contra o Santos, contado aqui por Jefferson Freire, grande companheiro no Saudações Rubro-Negras:
"O dia 27/07/2011 ficará marcado na história como o dia em que o futebol resolveu mostrar toda sua essência no gramado da Vila Belmiro. Não foi um jogo qualquer de futebol, não foi uma simples apresentação. Foi um jogo de aulas, um jogo pedagógico. Ensinaram o poder da superação, da fé, da esperança e da magia do futebol. Não era nem metade do primeiro tempo e o placar já marcava 3 a 0 para o Santos. Parecia perdido, inexplicável e humilhante. Mas o Flamengo foi valente e antes que o primeiro tempo terminasse o placar já apontava um improvável empate em 3 a 3. Final de jogo: um surpreendente 5 a 4 para o Flamengo. Ontem o Flamengo mostrou mais uma vez de maneira incontroversa que além de ser Raça, Amor e Paixão, também é ÉPICO."


O melhor momento do Flamengo no Brasileiro se encerrou com a difícil vitória diante do Coritiba no Engenhão. Fábio Gil, no portal DNA Rubro-Negro, demonstrava, em uma análise profética, sua sabedoria e visão de futebol ao antecipar problemas que teríamos contra pequenos jogando diante de estádios vazios:
"Felizmente, apesar do futebol apresentado, conseguimos vencer o Coritiba por 1×0, gol de Jael. Os cantos da nossa torcida não falam de raça, amor e paixão por acaso. O Mengo surgiu com vocação para fazer história e não para fazer parte dela. Contra os grandes adversários, como naquela partida contra o Santos; jogamos tudo, e criamos mitos, lendas e heróis. Já contra os pequenos, não jogamos nada, e também criamos mitos e heróis… só que do outro lado. O Flamengo precisa de alguma ambição (e de dificuldades) para mostrar seu melhor. Quando as coisas são fáceis, previsíveis demais, é certo como um karma que o rubro-negro surpreenderá a todos e perderá. É agora, quando lideramos o campeonato, que entra a MAIOR MISSÃO da nossa torcida. Temos que continuar marcando presença, temos que continuar lotando os estádios, temos que continuar cantando do primeiro ao último minuto, temos que seguir apoiando e mostrando para os heróis de vermelho e preto que a gente quer mais e sabe que eles podem nos dar."


Do céu descemos ao inferno. Os 10 jogos seguintes foram a terrível e inacreditável sequência sem vitórias. Logo no primeiro jogo da tenebrosa série, contra o Figueirense, onde cedemos o empate após abrirmos dois de vantagem, Burita, por meio de sua inseparável corneta, avisava já no título "Este ano vai ser difícil. Pode apostar". No texto, também no DNA Rubro-Negro, podemos recordar uma arbitragem para lá de estranha:
"O time atuou muito mal, mas conseguiu achar 2 belos gols de cabeça del matador Devid 9 em um, ou único, cruzamento perfeito do Leo “não marca nem ataca” Moura, em jogada iniciada pelo artilheiro no meio e num escanteio genial do R10. O time do Figueirense, do vergonhoso treinador Jorginho que teve a ousadia de dizer que o Flamengo quer mandar em todos, ao meu ver teve muita facilidade em tocar a bola. Nossa marcação estava muito ruim e parecíamos totalmente perdidos. Como eu não me aguento com essa corneta especialmente amarela ovo, vamos falar do trio de arbitragem. Do trio não, do tal “fessô”, “juiz”, “profissional” ou líder da gangue primeiro árbitro. Não vou ignorar a vergonha que é a atitude desse cara, que vira e mexe apronta pra cima do Flamengo. Anota o nome do sujeito: é Heber Roberto Lopes."
No jogo seguinte, perderíamos a invencibilidade na competição. Fomos goleados em um Engenhão vazio por nosso genérico goianiense. Em campo, humilhação! Fora dele, incrível show de apoio da torcida, conforme narrou e filmou o mago-mor do Magia Rubro-Negra, LeoMagaMon:
"O Flamengo perdeu sim, mas quem não bateu ponto no Engenhão perdeu muito mais. Perdeu mais uma oportunidade de ser testemunha in loco do quanto nossa torcida é diferente, é melhor. Perdeu a chance de participar de uma festa e ter orgulho das cores rubro-negras mesmo no pior momento. Perdeu a sensação de FAZER PARTE, de LUTAR, de VIBRAR, de EMOCIONAR. Economizaram 20, 40 reais, e perderam milhares de momentos inesquecíveis. Momentos que fazem a gente ter história pra contar no bar, aos filhos, momentos que justificam nossa devoção. E eu? Bom eu perdi o gol do Jael, estava de costas para o campo, e não foi por protesto, foi por Raça, Amor e Paixão. Não condicionem a presença no estádio, vamos comparecer! É ridículo um time ter uma campanha como a nossa e levar apenas 7 mil pagantes aos seus jogos em casa."



As críticas que ecoavam desde o início do ano, mesmo na série invicta, foram ganhando força e, no último jogo do turno, uma lambança do Welinton fez o mundo cair sobre ele. Alexandre Fernandes, outro companheiro do Magia, soube traduzir o sentimento da Nação perante nosso camisa 3:
"Um clássico regional de rivalidade enorme, com nuances de decisão para a liderança do primeiro turno do campeonato. O time desfalcado. Uma bola tranquila vindo em direção do goleiro e o beque de péssimo nível resolve dominá-la ao invés de deixá-la passar. Pior do que isso, o fraquíssimo jogador tenta uma jogada de efeito à frente do atacante, perde a bola, comete a falta e é expulso. Imagino as entrevistas do "Pofexô" explicando o inexplicável: 'falhas acontecem; a defesa é das menos vazadas; o Welinton tem o meu total apoio e o do grupo; trata-se de um jovem promissor.' O Flamengo complicou um jogo já difícil. O Flamengo não, o Welinton. O Welinton não, o técnico. Eles todos ganham muitíssimo bem para isso, uns mais outros menos. Nós nos agoniamos pagando para ver isso. Até quando?"

Após o episódio, Welinton é barrado, mas a defesa continua falhando e o Flamengo dando mole. Entregamos jogos considerados antecipadamente ganhos. O drama só terminou quase no fim de setembro, diante do América MG em um jogo que renovou nossa esperança na base, conforme relato do Arthur Capella (@MengaoHepta) no Flamengagem:
"Neste sábado nosso Mengão seguia rumo a mais um vexame contra o 'poderoso' América MG quando nosso professor finalmente, e parecendo desesperado, resolveu tomar coragem, colocar o time pra frente e confiar nos meninos da base. Diego Maurício e Thomás entraram e contribuíram muito para vitória e para mudança de postura do time, mostrando personalidade para tentar as jogadas, partindo para cima mesmo com o péssimo momento do time, com o quase nenhum entrosamento que tinham e com toda a pressão. Thomás surpreendeu muita gente. Mesmo naturalmente nervoso e desentrosado, não se omitiu em nenhum momento. Partiu pra cima buscou o jogo. Se não rendeu tudo que está acostumado, pelo menos contribuiu, e muito, para abrir a defesa do América e deixar outros jogadores com mais liberdade. E olha que ele nem estava jogando em sua posição de origem onde rende muito mais, que é a de ponta de lança. Mesmo assim fez algumas boas jogadas partindo pra cima dos defensores. Defendo a entrada dele no time há muito tempo. Thomás tem muita qualidade técnica e um estilo de jogo cada vez mais raro nos dias de hoje: é aquele ponta de lança que joga em direção ao gol, parte pra cima dos defensores, sabe fazer ótimas tabelas e chega na área para concluir."

A partir daí o time continuou pontuando, mas não voltou a repetir a boa série do turno e não empolgou. Deu mais alguns vacilos, enquanto a torcida não se entendia no twitter entre apoiar ou criticar para promover mudanças. Inúmeras mensagens pediam, dia após dia, incessantemente, a cabeça de uma série de jogadores e, claro, do comandante. Em meio a esta loucura virtual, acabamos tomando uma chinelada em um Engenhão vazio. Desta vez, foi para o bom time da LaU. Para contar como a Sul-Americana acabou para a gente (na prática, pois ainda haveria um segundo jogo, mas que serviria somente para cumprir tabela), recorro ao André Amaral no Ninho da Nação:
"E não era bravata. O técnico do Universidad de Chile chegou dizendo que seu time era favorito e falava a mais pura verdade. Meu Deus, foi um baile e uma aula para o Flamengo de como se joga uma competição Sul-Americana fora de casa. Massacre mesmo. Desde o começo a marcação-pressão era intensa, e o mais incrível que foi até o final assim, sem trégua. Levamos de quatro e ficou barato. Ficou claro a falta de interesse dos jogadores. Quiseram evitar a fadiga de uma viagem pro Chile em pleno fim de temporada. Uma vergonha para torcedor que foi ao estádio. Uma humilhação para o Clube."


As derrotas no Vazião motivaram um grupo de blogueiros a criar um movimento virtual, convocando a torcida a ir ao estádio e apoiar o time. Nascia o Unidos Pelo Flamengo. Com ingressos com desconto e uma intensa campanha na rede, o Engenhão encheu e a Nação assistiu a uma goleada diante do Cruzeiro. Quem nos conta mais sobre a partida é uma das Donas da BolaRenata Graciano:
"Domingo de sol quente no Rio de Janeiro, dia de Engenhão lotado de apreensivos corações Rubro-Negros.  E admito, o medo me dominou, não bastava vencer, tinha que convencer e venhamos e convenhamos o Flamengo não faz isso há muito tempo. E o primeiro tempo foi o de sempre, o time acuado, se defendendo (mal) e não tardou tomarmos um gol numa bobeada da zaga, pronto, pensei, ferrou! Com o Cruzeiro nitidamente melhor em campo, Deivid (sim, ele de novo!) meteu um balaço lá do meio da rua…loucura, delírio, empatamos! E o resumo do 1º tempo foi: bolas na trave, um gol anulado, um pênalti nosso não marcado (conte-me uma novidade), um pênalti deles perdido, defesa de sempre, falta de organização no meio campo e sofrimento. O 2º tempo começou frenético, sabe quando você sente a vibração, o sangue nos olhos? Foi assim com muita vontade que veio a virada. Não foi um futebol bonito, longe disso, foi força, foi vontade de ganhar e ganhamos… indescritível. A Nação enlouquecida como não via desde o Maraca, fazia a hola e cantava músicas meio esquecidas. Eu senti o Engenhão tremer pela 1ª vez e chorei. Chorei pelo menos umas 4 vezes naquela tarde quente de 5 x 1 e virada histórica e juro, o placar foi o que menos importou."


Mas, na sequência, inadmissíveis jogos sem raça. O Flamengo sem raça não é o Flamengo. Resultado: demos adeus ao hepta! Só nos restou a Libertadores, que fomos buscar e alcançamos o objetivo na última rodada e, com o prêmio de consolação de mais uma vez ver o Vasco ser vice. Confira o que Warley Morbeck escreveu lá no Flamengo Eternamente:
"Última rodada do Brasileirão 2011! O Vasco não sabe, não pode, não consegue se sagrar campeão quando do outro lado tem o Flamengo. Em cima do Flamengo não tem festa. E o grito ecoa nas arquibancadas: Vice de Novo. É sempre assim."

A temporada chega, enfim, ao seu fim! E termina sem que a torcida chegue a uma conclusão se foi um ano bom ou ruim. Na dúvida, fico com a análise do principal blogueiro rubro-negro: Arthur Muhlenberg, lá no Urublog.
"Acabou o Brasileiro. E pelo segundo ano tivemos que adiar o projeto hepta para 2012. O saldo do Mengão em 2011 é altamente discutível. Para alguns a vaguinha na principal competição continental foi muito pouco. Outros, mais realistas, acham que foi lucro. Eu acho que foi mais ou menos. Fomos bem no Carioca, razoáveis na Copa do Brasil, vergonhosos na Sula e desleixados no Brasileiro. Esperava muito mais do time, mas tenho que admitir que já passei por anos bem piores"

Em breve, farei um artigo expondo meu ponto de vista, mas, por enquanto, deixarei a palavra com os heróicos leitores que conseguiram chegar até o final do longo texto. O que você achou de 2011,  flamengamente falando? Comente aí...

FLAmém!


Um comentário:

  1. Jeff,

    Sou Flamengo há muito tempo e como tal não posso me contentar com pouco.

    Sendo assim, 2011 foi um ano ruim! Houve outros piores, claro, mas este foi muito ruim!

    Talvez por ter nascido bastante promissor e isso tenha sido o combustível para não esmorecermos nunca a cada improvável derrota, mas o final decepcionante foi como ducha de água fria nesse já cansado coração Rubro Negro.

    Que venha 2012.

    Saudações,

    @Papo_de_Cozinha

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